El Niño continua ganhando força e aumenta riscos de cheias para Brasil e Argentina

Publicado em 17/07/2015 16:10

O El Niño que está trazendo chuvas excessivas para os Estados Unidos - e efeitos ainda mais abrangentes para a América do Sul e a Ásia - também terá grande impacto sobrea a América Latina, como as precipitações intensas que já foram registradas nas últimas semanas no Sul do Brasil. Para meteorologistas do instituto norte-americano, o fenômeno deve durar até a primeira parte de 2016. 

O principal combustível para o El Niño são as águas mais quentes do que a média do Pacífico tropical. E o fenômeno, segundo explica Alex Sosnowski, meteorologista do AccuWeather, tende a aumentar o número de sistemas tropicais e, em alguns casos, sistemas ainda mais fortes, enquanto diminui a ocorrência dos mesmos no Atlântico. 

"Durante um El Niño forte, como esperamos que seja desta vez, poderemos ver ocorrer condições climáticas extremas em um grande número de casos. E essas condições afetam significativamente a agricultura e o modo de vida dos locais atingidos", disse o meteorologista chefe do AccuWeather, Jason Nichols. 

Intensidade do El Niño de julho a outubro - Imagem: AccuWeather

O fenômeno já está bem forte e tende a ganhar mais força nos próximos meses. Em algumas áreas, com esse excesso de chuvas, cresce também a chance das inundações. "Uma dessas áreas que ganha força com o risco de cheias é da Argentina ao Uruguai e Sul do Brasil", disse Nichols. Já nos Andes, risco de fortes nevascas. 

Ao mesmo tempo, porém, boas chuvas podem chegar em áreas onde a seca tem castigado, como no Chile, por exemplo, ainda segundo previsões do Accuweather. De agora ao período de primavera no hemisfério Sul, em setembro, há um pequeno aumento na ocorrência de sistemas que trazem essas esperadas chuvas para o país. O Chile tem vivido períodos de seca nos últimos dez anos com chuvas que ficam abaixo de 50% do normal. 

Até março de 2016 ou em um período próximo a isso, as previsões indicam para chuvas abaixo da média para o Brasil central e a maior parte das ilhas do Caribe e sudeste do México. "Essas áreas podem esperar uma seca a se desenvolver ou piorar onde já existe", explica Alex Sosnowski. 

Intensidade do El Niño de novembro a março - Imagem: AccuWeather

Impactos já começam a ser sentidos no Brasil

Os últimos dias foram de chuvas extremas em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Na agricultura, as lavouras de milho safrinha e trigo são algumas das mais prejudicadas nestes estados. Nas redes sociais, imagens mostram campos bastante danificados pelas atuais condições climáticas, espigas de milho germinando, solos encharcados e outros tantos resultados de um cenário com o qual está sendo vivido agora. 

"Ainda não há uma estimativa das reais perdas que esses Estados irão ter em suas lavouras, mas é fato que serão grandes", disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia, em seu informe diário. O especialista afirma ainda que culturas como café, cana-de-açúcar e feijão também são prejudicadas. "Essas lavouras também vêm contabilizando perdas significativas, uma vez que no café já há um percentual elevado de grãos chuvados, na cana de açúcar, os teores de ATR vem caindo drasticamente e com o trigo, os altos índices de plantas infectadas por doenças e as condições adversas para a aplicação de defensivos, reduzem o potencial produtivo dessas lavouras", explica.

No município de Chapecó, em Santa Catarina, já choveu mais de 390 mm somente neste mês de julho, o maior índice desde 1994. Em Ponta Grossa, no Paraná, o acumulado de chuvas passou de 200 mm. Além dos estados do Sul, a região sul da Mato Grosso do Sul também tem sido afetada. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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