Serviço meteorológico dos EUA vê 90% de chance de El Niño (que pode aumentar as temperaturas)

Publicado em 14/05/2015 13:11
Na Reuters e em O Globo

NOVA YORK (Reuters) - Um serviço meteorológico do governo dos EUA estimou nesta quinta-feira que há 90 por cento de chances de condições do El Niño se manterem durante o verão no Hemisfério Norte, um aumento na possibilidade em relação à estimativa de 70 por cento do mês passado.

O centro de previsões do Serviço Nacional Climático disse no seu relatório mensal que há mais do que 80 por cento de

chance de que as condições de El Niño avancem durante este ano.

    Esse percentual está acima de estimativa de abril, de 60 por cento de chance de o El Niño persistir até o outono no Hemisfério Norte.

O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das temperaturas da superfície do mar no Pacífico, que resulta em clima escaldante em toda a Ásia e leste da África, resultando também em fortes chuvas e inundações em partes da América do Sul.

(Reportagem de Marcy Nicholson)

 

Em O GLOBO: Cientistas confirmam formação de El Niño de alta intensidade (Fenômeno climático pode provocar temperaturas recordes no planeta)

 

RIO — Preparem o ar condicionado: o El Niño dará as caras novamente este ano, aumentando a temperatura de todo o planeta. A formação do fenômeno, conhecido pelo aquecimento das águas do Pacífico, foi confirmada ontem pelo Escritório de Meteorologia da Austrália. O órgão não reconhecia o desenvolvimento do “menino” há cinco anos. Agora, no entanto, há “provas substanciais” de sua existência.

A temperatura superficial das águas do Pacífico está até 3 graus Celsius acima da média. Os ventos alísios, que circulam na Linha do Equador e poderiam refrescar o oceano, mantiveram-se fracos. O nível do mar e a nebulosidade sobre ele aumentaram.

— Sempre existe alguma dúvida sobre a previsão da intensidade de um fenômeno, mas, segundo os modelos que analisamos, este El Niño será substancial — alerta David Jones, gerente de monitoramento do clima e previsão do instituto australiano.

O El Niño causa seca no Nordeste brasileiro e também em países como Índia, Indonésia e Austrália. As chuvas aumentam nos estados do Sul e Sudeste e em nações do Pacífico Ocidental. A desertificação do solo e as enchentes atingem culturas agrícolas e diminuem a disponibilidade de alimentos. Estima-se que estes eventos possam começar entre junho e novembro, e sua duração pode chegar a até um ano.

MÁ DISTRIBUIÇÃO DE CHUVAS

Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ainda é cedo para confirmar como o El Niño influenciará as temperaturas durante o verão. Estima-se que sua magnitude será de moderada a forte. O fenômeno, no entanto, poderia ter relação com o aumento das temperaturas mínimas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde elas estão de 2 a 5 graus Celsius acima da média histórica.

— Se o El Niño ocorrer até dezembro, que é um período onde costuma atingir o pico, teremos uma ideia se ele provocará temperaturas recordes no verão — explica a meteorologista Anna Barbara Coutinho de Melo. — Sua força pode ser parecida àquela causada nos últimos dois anos por bloqueios atmosféricos, que impediram a entrada de ar frio em parte do Brasil.

Meteorologista-chefe do Centro de Análise e Previsão do Inmet, Luiz Cavalcanti ressalta que a maior preocupação é a má distribuição de chuvas no país.

— A Região Nordeste seria a mais afetada, porque as estiagens recentes podem se repetir — avalia. — O Centro-Sul, por sua vez, teria chuvas intensas. Acredito que, ao contrário do último verão, não teremos problemas de abastecimento dos reservatórios. Mas qualquer mudança no comportamento da atmosfera deve ser acompanhada em todo o planeta.

Mesmo sem a interferência do El Niño, 2014 entrou para a História como o ano mais quente desde o início das medições, no século XIX. Portanto, se o “menino” surgir com mais força nos próximos meses, 2015 deve bater este recorde. De fato, sete dos dez anos mais quentes do mundo tiveram esta anomalia climática ou foram seguintes a ela.

O fenômeno ocorre, em média, a cada três a cinco anos. Desde 1900, o escritório australiano registrou o El Niño 26 vezes. Estima-se que, com as mudanças climáticas, sua frequência aumentará nas próximas décadas. No ano passado, a Organização Meteorológica Mundial pediu para que os países se preparem para os constantes riscos desta anomalia, traçando planos de contingência para o impacto que pode provocar na agricultura, na gestão de água, na saúde e em outros setores sensíveis ao clima.



 

Fonte: Reuters + O GLOBO

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