Setor de proteína animal tem recorde de exportação, tendo como principal comprador China/Hong Kong
O setor de proteína animal segue em alta com registro recorde de exportação em julho e o reaquecimento gradual na demanda por etanol dobra o volume comercializado no final de julho, de acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). É o que mostra o 14º relatório do Grupo Técnico de Monitoramento do Abastecimento de Produtos Agropecuários no Estado de São Paulo, liderado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo com a participação de representantes do setor privado. Segundo a FinPec, verifica-se preços firmes para todas commodities agrícolas e o setor de transportes apresenta recuperação gradual. As informações são referentes ao período de 19 a 31 de julho de 2020.
China/Hong Kong seguem como o principal destino de exportação das proteínas brasileiras, representando 57% das exportações de carne bovina, 46% de carne suína e 15% das exportações da carne de frango, de acordo com a FinPec.
"O setor de proteína animal tem mostrado crescimento constante, principalmente no mercado externo. Vemos neste levantamento outros resultados positivos relacionados, por exemplo, ao setor sucroenergético, principal negócio do agro paulista. O agro é um setor extremamente importante para a economia de São Paulo e do País. É o farol que nos guiará para a retomada da economia", afirma Gustavo Junqueira, Secretário de Agricultura e Abastecimento.
O levantamento compilado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo mostra que as exportações brasileiras de carne bovina seguem registrando desempenho recorde tanto em volume quanto em receita. De janeiro a julho, os embarques de carne bovina in natura foram 17,2% superiores aos sete primeiros meses de 2019, um recorde para o período, de acordo com a Secex.
No mercado interno, a FinPec indica preços firmes para a carne bovina no mês de agosto com tendência de alta em decorrência da volta do consumo do mercado interno de cortes mais nobres, impulsionada pela gradual retomada das atividades do setor de Food Service e as comemorações do Dia dos Pais, em 9 de agosto.
No mercado interno de carne de frango, a FinPec registra que deve haver mais procura pelo produto ao longo do mês de agosto, fazendo com que os preços apresentem leve tendência de alta nas próximas semanas. Há um aumento da demanda interna por carne de frango, segundo a CNA, explicada pela retomada gradual do comércio e da substituição de proteínas mais caras, o que influenciou a valorização do preço pago ao produtor pelo frango vivo.
O mercado de suínos segue com boa demanda no consumo interno e na exportação. Os analistas esperam que os preços da carne suína devem ter forte valorização, com tendência de permanecer em patamares altos nas próximas semanas. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), a grande preocupação do setor suinícola continua sendo os preços elevados do milho e soja.
No mercado de ovos, a média de preços alcançada no ano continua superando os preços deflacionados de anos anteriores. O setor, porém, registrou em julho a terceira retração de preço consecutiva, sendo este o segundo menor nível de 2020. Na piscicultura, a CNA registra que a China habilitou mais três plantas brasileiras de pescado para exportar ao país asiático, totalizando 110 plantas habilitadas. Na parte de lácteos, os analistas apontam para valorização dos preços dos produtos, devido à baixa disponibilidade de leite no campo, somada ao aumento da demanda pela reabertura do comércio.
Resultados positivos para cana, café, arroz, frutas, folhosas e flores
O setor sucroenergético registra reaquecimento gradual. O volume de etanol comercializado dobrou e apresentou leve aumento de preços. O açúcar continua com cotação em alta no mercado externo e se mantém estável no mercado interno.
O levantamento compilado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento mostra ainda que mesmo com a colheita do café a pleno vapor, os preços do produto não apresentam sinais de queda. Os preços internacionais abriram a segunda semana de julho em alta, com cotações que se sustentaram até o fechamento da semana.
Os preços pagos pelo arroz aos produtores rurais bateram recorde, com valorização de 62,8%, em relação ao ano passado. Segundo o Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea), o aumento da demanda por conta da quarentena e outros fatores impactaram nos estoques desde a safra de 2018/2019. O reajuste não foi passado integralmente aos consumidores. Nas gôndolas, a alta do preço do cereal foi de 13,19%, no acumulado do ano até junho.
A CNA registra que as exportações de frutas em julho apresentam sinais de ampliação com a retomada do consumo nos países desenvolvidos e o aumento do número de voos. Nas quatro primeiras semanas, o embarque de frutas e nozes não oleaginosas em volume foi 13% superior em relação ao mesmo período de 2019. Por outro lado, a receita cambial caiu 12% em função do aumento de oferta e da queda dos preços.
O preço das folhosas apresenta sinais de recuperação em função do ciclo menor e da redução de área comum no inverno, além da retomada gradual do Food Service, que poderá sustentar essa recuperação.
Com a retomada gradual do comércio, a CNA observa melhora no setor de flores de corte, que passa a comercializar 60% em relação ao mesmo período do ano passado. Para alguns produtores de flores, como por exemplo de orquídeas e plantas verdes, existe uma boa demanda devido à maior procura pela busca da melhoria do bem-estar nos locais em que têm passado mais tempo. O comércio de flores e plantas ornamentais melhora com o aumento da procura, especialmente aquelas para decorações. Com isso, o mês de julho já registra crescimento de 25% na oferta de flores em relação a junho.
O ETSP - Entreposto Terminal de São Paulo da CEAGESP registra que o índice de preços da CEAGESP encerrou o mês de julho com alta de 2,37%, por conta da elevação dos preços das frutas e verduras. Apesar da forte alta, o setor de frutas ainda registra recuo de 1,4% nos preços em 2020.
Retomada gradual
A demanda pelo serviço de transporte rodoviário de carga, embora ainda se mantendo em queda, volta a registrar recuos cada vez menores, indicando uma estabilidade do setor. A quarta semana de julho foi encerrada com redução de -22,9%, a melhor marca já registrada desde o início do monitoramento. Ainda, o percentual das empresas que prestam o serviço de transporte rodoviário de carga que tiveram queda no faturamento também vem recuando.
O Food Service, no entanto, continua registrando redução do faturamento de operadores. O setor encerrou a última quinzena de julho com recuo de -43,7%, marca ligeiramente inferior aos -41,5% registrados no final da quinzena anterior. O setor de bares e restaurantes no Estado de São Paulo continua sendo afetado pela crise, com queda de faturamento médio anual acumulado de -51,6%, em relação ao mesmo período em 2019, segundo o relatório Cielo/IFB.
Já os supermercados continuam registrando aceleração das vendas, em relação ao mesmo período do ano anterior, na maioria dos estados brasileiros. Para São Paulo, o aumento registrado até 30/07 é próximo à marca de +30%.