MAPA afirma que China não apresentou justificativa formal para suspender importação de frigoríficos brasileiros

Publicado em 30/06/2020 15:43 e atualizado em 30/06/2020 17:18
Apesar disso, as três plantas com habilitação temporariamente suspensa pela China e uma pelo próprio Ministério têm em comum casos de Covid-19 entre funcionários

Após a China pedir a suspensão de três plantas frigoríficas no Brasil, a Agra e a Marfrig, no Mato Grosso (carne bovina), Minuano, no Rio Grande do Sul (aves), o Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) disse, em nota, que está buscando junto à General Administration of Customs People’s Republic of China (GACC) as razões da suspensão dos três estabelecimentos, e, ao mesmo tempo, iniciou negociações para que as suspensões possam ser levantadas, visando à retomada por parte dessas empresas das exportações para a China.

Ao todo, o país possui 102 plantas processadoras de carne habilitadas para exportar para a China.

Apesar disso, as três empresas, além da unidade da JBS em Lajeado, no Rio Grande do Sul, suspensa pelo próprio Ministério, possuem em comum casos de surtos de coronavírus entre funcionários dentro das fábricas.

O Notícias Agrícolas entrou em contato com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que informou por meio da assessoria que não iria comentar o caso, e com o MAPA, que emitiu nota à imprensa. 

Na opinião do operador de trading do Ramax Group na China, Gabriel de Freitas, não há possibilidade de o país asiático fechar totalmente as portas para um país exportador.

De acordo com ele, se isso acontecer, será por razões políticas, e não pela Covid-19, já que a China ampliou as inspeções sobre importações de carne após uma nova série de infecções pelo vírus em Pequim ter sido associada a um grande mercado de alimentos na capital. O que poderia ocorrer é a suspensão temporária das atividades de algumas fábricas por parte do próprio país onde está instalada, de forma preventiva, conforme Freitas explica.

Para o Sócio da Radar Investimentos, Douglas Coelho, a suspensão das quatro unidades não deve impactar no ritmo das exportações, sendo que o Brasil conta com mais de 100 unidades habilitadas a enviar o produto para a potência asiática. 

No informativo, o Ministério disse que a GACC, órgão do governo chinês responsável pela habilitação de estabelecimentos exportadores para China e que também realiza o controle de mercadorias na aduana, solicitou ao MAPA informações sobre alguns estabelecimentos brasileiros que exportam para a China e que tiveram notícias divulgadas na imprensa do Brasil sobre casos da Covid-19 entre seus trabalhadores.

"O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA tem prestado todas as informações solicitadas pela GACC".

O Ministério disse ainda em nota que "está buscando junto à GACC as razões da suspensão dos três estabelecimentos, e, ao mesmo tempo, iniciou negociações para que as suspensões possam ser levantadas, visando à retomada por parte dessas empresas das exportações para a China".

Em contrapartida, na tarde de segunda-feira (29), cinco plantas processadoras de carne bovina do Brasil foram habilitadas para exportar para o México, sendo duas unidades da JBS no Mato Grosso, e três da Marfrig, em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Uma planta da BRF, em Santa Catarina, recebeu autorização para exportar carne de aves para o Canadá.

Na nota à imprensa divulgada pelo MAPA, ainda é explicitada a Portaria Conjunta nº 19, de 18/06/2020 – ME/MAPA/MS, que trata da prevenção, controle e mitigação de riscos de transmissão da Covid-19 nas atividades da indústria de abate e processamento de carnes e derivados. 

OUTROS PAÍSES

De acordo com informações da Bloomberg, o país asiático tomou medidas inesperadas nas últimas semanas, provocando polêmica quando suas empresas pediram aos fornecedores de alimentos de todo o mundo que assinassem um documento atestando que suas cargas atendem aos padrões de segurança para garantir que não estejam contaminadas pelo vírus. Os países exportadores e as agências reguladoras recuaram, declarando que não há evidências ligando infecções a alimentos.

A medida ocorreu pouco depois que um surto em Pequim foi rastreado pela primeira vez a uma tábua usada por um vendedor de salmão importado. A Comissão Nacional de Saúde do país disse que não há evidências de que o peixe seja a origem ou o hospedeiro intermediário do vírus, mas o salmão ainda foi removido dos principais supermercados. 

A alfândega chinesa não aceitará nenhum pedido de importação para entrega a partir da data em que a parada começou.

Confira a lista de frigoríficos suspensos pela China até terça-feira (30):

 

Brasil

Companhia Minuano De alimentos - suspensa em 28 de junho - produto: carne de aves

Marfrig Global Foods SA - suspensa em 27 de junho - produto: carne bovina

JBS AVES LTDA - suspensa em 26 de junho - produto: carne de aves

Agra Agroindustrial de Alimentos SA - suspensa em 17 de junho - produto: carne bovina

 

Canadá

Cargill Meat Solutions - suspensa em 28 de junho - produto: carne bovina

 

Países Baixos

Van Rooi Meat BV - suspensa em 28 de junho - produto: carne suína

VION Groenlo BV - suspensa em 28 de junho - produto: carne suína

VION Boxtel BV - suspensa em 28 de junho - produto: carne suína

Westfort VOF - suspensa em 28 de junho - produto: carne suína

 

Alemanha

Danish Crown Fleisch GmbH- suspensa em 28 de junho - produto: carne suína

Tönnies Lebensmittel GmbH & Co. KG - suspensa em 17 de junho - produto: carne suína

 

Argentina

Frigorifico Rioplatense SA ICIF - suspenso em 22 de junho - produto: carne bovina

 

Reino Unido

Tulip Fresh Meats - suspenso em 17 de junho - produto: carne suína

 

Estados Unidos

Tyson Foods Inc. - suspenso em 21 de junho - produto: carne aves

 

Irlanda

Rosderra Irish Meats Group Ltd. - suspenso em 20 de junho - produto: carne suína

 

 

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Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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