Pesquisa em Lajeado (RS) aponta que a prevalência da Covid-19 em trabalhadores de frigoríficos é 270% maior

Publicado em 16/06/2020 10:54
Segundo professor da universidade que coordena a pesquisa, o dado mostra que estes trabalhadores têm três vezes mais chances de se contaminar com o coronavírus do que outras pessoas

A primeira fase da pesquisa "Testa Lajeado", realizada pela Universidade do Vale do Taquari (Univates) em parceria com a Prefeitura Municipal de Lajeado, no Rio Grande do Sul, mostrou que a probabilidade de prevalência da doença entre trabalhadores de frigoríficos é 207% maior que para demais trabalhadores.

De acordo com o Coordenador Científico da Pesquisa, Professor Rafael Picon, "o grupo não ficou surpreso com esse resultado, porque já é conhecido os surtos de coronavírus nos frigoríficos, principalemnte em Lajeado". 

Ele explica que a primeira fase apontou que a probabilidade de um funcionário de frigorífico ser contaminado com o vírus é três vezes maior do que outra pessoa que não trabalhe neste tipo de local.

"Vale ressaltar que o resultado aponta para um maior risco a estes trabalhadores para se infectar com o vírus, e não que a doença possa evoluir para quadros mais graves", disse.  

A primeira fase do estudo, realizada entre 30 de maio a 4 de junho analisou amostras de 1450 pacientes de Lajeado, sendo 952 mulheres e 498 homens. Entre o total dos participantes, 61 eram trabalhadores de frigoríficos, e entre eles, 7 foram positivos. 

Segundo o professor Picon, todos os casos de trabalhadores de frigoríficos que detectamos como positivo, nenhum deles era ativo, o que significa que as pessoas já haviam sido curadas. 

"O nosso estudo não tem condições de responder porque há esse índice de prevalência em trabalhadores de frigoríficos, a gente só conhece o fenômeno, e para descobrir isso, dependeria de estudos dentro dos frigoríficos", disse. 

Ele afirma que estes surtos têm acontecido em plantas frigoríficas em vários países. "Os porquês, ninguém sabe, mas é possível que seja em função do frio, do enclausuramento, da aglomeração, mas isso são especulações. São plausíveis, mas ninguém de fato mediu ou testou estas hipóteses". 

Atualmente, o grupo de pesquisa está no meio da segunda fase, que começou no último sábado (13) e deve seguir até quarta-feira (17). A segunda fase deve contar com cerca de 1100 participantes, podendo, ou não, conter pessoas integrantes do grupo anterior, e a terceira rodada deve contar com o mesmo número de pessoas.

Para a professora Doutora Simone Stülp, coordenadora administrativa da pesquisa e Diretora de Inovação e Sustentabilidade da Univates, a pesquisa dará uma mapeamento completo do comportamento da pandemia. “É um projeto que visa, para além de conhecer o retrato da cidade em termos de contaminação, poder oferecer ao poder público subsídios para tomada de decisões e estratégias públicas de enfrentamento à doença. Essa pesquisa epidemiológica, também, é uma oportunidade ímpar de sermos uma referência extremamente positiva do ponto de vista de gerar conhecimento”, analisa Simone. 

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Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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