Consumo de cafés especiais resiste à crise e avança 15%

Publicado em 18/12/2009 06:51
Mesmo com produtos mais caros, o segmento de cafés especiais não sentiu os reflexos da crise financeira mundial e viu seu desempenho melhorar. As torrefadoras investiram na aquisição de grãos especiais e o segmento deve encerrar 2009 com um aumento aproximado de 15% das vendas, mantendo a tendência de crescimento médio observada nos últimos anos.

Esse mesmo ritmo deve ser repetido em 2010, de acordo com estimativas das indústrias, que colocam nas gôndolas a partir da próxima semana a seleção especial dos melhores cafés de São Paulo, comprados de produtores que venceram o concurso de qualidade do Estado.

O melhor café de São Paulo neste ano foi o cereja descascado colhido em Amparo, na fazenda de Ricardo Bacellar Wuerkert, e negociado com as indústrias por R$ 1.507 a saca. Foi necessário um consórcio entre três empresas para adquirir o lote no leilão realizado em outubro, na Associação Comercial de Santos. Já na categoria natural, o vencedor foi Fabio Collletti Barbosa, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e do banco Santander, dono da Fazenda Santa Inês, em Espírito Santo do Pinhal. Seu lote foi negociado a R$ 600,11 por saca.

Os cinco primeiros colocados em cada uma das categorias conseguiram produzir 9.600 quilos de café torrado, que serão comercializados no varejo paulista. A expectativa é de que as indústrias que adquiriram esses lotes obtenham um faturamento entre R$ 336 mil e R$ 384 mil com a venda no varejo. "A ideia do concurso é que os consumidores tenham a percepção de que os melhores cafés estão à disposição deles no varejo", afirmou Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic) e presidente da Câmara Setorial do Café.

Segundo ele, o quilo dos cafés vencedores será negociado entre R$ 35,00 e R$ 40,00, mas distribuído em embalagens de 250 gramas. Esse produto deve ser vendido em embalagens de 250 gramas a um valor entre R$ 8,50 e R$ 10,00 por pacote. "Trata-se da imagem do café de São Paulo, que é o terceiro maior produtor do Brasil. O cafeicultor, no entanto, enfrenta dificuldades relacionadas à rentabilidade com a atividade, decorrentes principalmente do câmbio", disse o secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, João Sampaio.

Com menos renda e mais incomodado com o endividamento, o cafeicultor paulista deve reduzir sua produção em 2010. Neste ano, foram colhidas 4,2 milhões de sacas, segundo Sampaio, volume que não deve ser atingido no próximo ano, mesmo sendo o ciclo de alta da cultura.

"Em 2009 tivemos um problema da queda na oferta de grãos de qualidade e os cafés especiais tiveram uma valorização superior aos grãos convencionais. Para a próxima safra esperamos uma disponibilidade maior, mas não o suficiente para pressionar os valores", diz Herszkowicz.

Como alternativa de produção para São Paulo, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) está desenvolvendo variedades de café robusta adaptadas ao território paulista. "Este tipo de café tem uma boa produtividade e um custo mais baixo. Acreditamos que em um ou dois anos o IAC coloque as variedades à disposição dos produtores do Estado", afirma Sampaio.

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Fonte: Valor Econômico

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