Câmbio faz exportação de café recuar para US$ 4,4 bi

Publicado em 23/11/2009 14:32 e atualizado em 23/11/2009 15:51
Apesar dos volumes recordes das exportações brasileiras de café verde em 2009, estimado em 30 milhões de sacas, a venda externa do grão deve encerrar o ano com um faturamento próximo a US$ 4,4 bilhões - redução de US$ 300 milhões em relação ao período anterior. De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), embora as cotações da Bolsa de Nova York tenham voltado aos mesmos níveis anteriores à crise, próximo a US$ 140 a saca, o câmbio mantém os ganhos em patamares menores.

Segundo Guilherme Braga, presidente do Cecafé, os preços internacionais atualmente podem ser considerados historicamente bons, no entanto, quando é feita a conversão, o resultado não é satisfatório. "Mesmo na crise, a liquidação era maior porque o dólar estava acima de R$ 2. Hoje, o quadro é pior que durante a crise", afirma. "Os fundamentos são positivos, mas a questão macroeconômica está afetando e o efeito é perverso, atua dos dois lados: no preço final, que é dolarizado, e no aumento dos custos para aquisição de insumos", disse.

O presidente do Cecafé lembrou ainda que há pouco mais de um ano, a apreciação do Real chegou a ser maior que a atual, no entanto, a valorização naquele período coincidiu com a alta do mercado internacional. Para 2010, a expectativa de Braga é a de que os preços em dólar continuem limitando os efeitos positivos dos fundamentos. "Não vejo preços menores em dólar. O cenário é de sustentação dos níveis de comercialização e preços internacionais. No entanto, a questão cambial no Brasil pode fazer a oportunidade ser perdida", afirmou o presidente do Cecafé.

O fator cambial poderá inibir as exportações brasileiras no próximo ano. Segundo Bruno Krohling, executivo da trading Kaffee, o ritmo de comercialização da safra 2009/2010 já é mais lento ante a temporada anterior. "Em razão do preço, os produtores vêm segurando a oferta, esperando por preços melhores", disse Krohling, ressaltando que a diminuição no ritmo das vendas também reflete um ano de safra reduzida devido à bianualidade.

O exportador destacou ainda que os produtores também estão direcionando parte da safra para o governo, que deverá adquirir 3 milhões de sacas por meio dos leilões dos contratos de opção. "Nos próximos meses o volume de exportações deve começar a cair devido a entressafra, às aquisições do governo e ao câmbio".

Apesar das previsões, o mercado poderá sofrer alterações dentro das próximas semanas. Em dezembro, a COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB) irá divulgar o primeiro levantamento de produção da safra 2010/2011 de café no Brasil. Se o País, que é o maior produtor mundial da commodity, apresentar números abaixo da expectativa, o mercado poderá reagir, elevando os preços já nas próximas semanas. Segundo especialistas, o volume de chuvas acima da média durante o período de floração - de setembro a novembro - deve reduzir a produção interna.

Torrado e moído

Na contramão da tendência apontada para o café verde, o produto industrializado deve retomar mercados no próximo ano. De acordo com Sydney Marques da Paiva, chefe-executivo da Café Bom Dia, em 2010 a indústria deve restabelecer o volume de embarques. "Muitos embarques estão programados para novembro e dezembro e a indústria deve recuperar o percentual. Pode ser que a redução das exportações fique abaixo dos 10%, inicialmente previstos", disse Paiva.

A empresa se prepara para entrar no mercado dos Emirados Árabes já no início de 2010. A Bom Dia não divulga números referentes ao faturamento, mas deve repetir o desempenho do último ano. Para manter o nível das exportações a empresa apostou dos cafés gourmets, que representam 95% do volume vendido no mercado internacional.

A queda no volume de café exportado pela indústria no último ano é atribuída à retração do mercado norte-americano, principal comprador do produto brasileiro. As perdas no mercado internacional foram compensadas pela pujança do consumo doméstico. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic), o mercado interno cresceu 8% em 2009. "Superou em 5% o volume inicialmente previsto", afirmou Almir José da Silva filho, presidente da Abic. No ano, o Brasil processou 18,5 milhões de sacas de café e deve atingir um faturamento de cerca de R$ 7,8 bilhões. A previsão do presidente da Abic para o próximo ano é a de que o faturamento deve aumentar, já que apesar de ainda apresentarem retração, os Estados Unidos já dão sinais de retomada. "Os mercados estão abastecidos e a conquista de novos mercados é um processo lento, de muita persistência", disse.

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Fonte: DCI - SP

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