Com colheita na reta final, safra de café vai se consolidando com pelo menos 2 mi de sacas a menos no Brasil

Publicado em 05/08/2024 17:51 e atualizado em 06/08/2024 08:24
Principais consultorias agrícolas e cooperativas confirmam quebra no rendimento e peneira abaixo da média

A colheita da safra de café do Brasil está se encaminhando para a reta final e os números de safra continuam chamando atenção do setor, apesar da pressão dos trabalhos do campo nos preços, as principais consultorias do país estão diminuindo suas estimativas. 

As condições do tempo adversas durante o período de florada e as altas temperaturas do início do ano, justificam a queda no rendimento e a peneira abaixo da média nas principais áreas de produção. Antes do início da colheita, alguns especialistas afirmavam que a safra brasileira poderia se aproximar de 70 milhões de sacas, número que fica cada vez mais distante. 

Recentemente a StoneX Brasil divulgou nova estimativa, com queda de 1,7% em relação ao primeiro número divulgado. Para a temporada 242/8, a consultoria fala em uma produção de 67 milhões de sacas, sendo 22,7 de canephora e 44,3 milhões de arábica. 

"Como já foi amplamente discutido nos materiais da StoneX, a incerteza com relação ao real tamanho da safra brasileira de café é um dos grandes fatores por trás da volatilidade dos preços, tendo em vista a importância do país com relação a oferta mundial de café. Enquanto em 2023 a discrepância entre as estimativas foi de quase 22 milhões de sacas, em 2024, a diferença entre a maior e a menor estimativa chegou a alcançar 16 milhões de sacas", destaca a análise coordenada por Fernando Maximiliano. 

O relatórioo apontou que na Bahia, 100% da área já foi colhida, confirmando o volume menor do que o projetado anteriormente, mostrando os efeitos do calor excessio e da falta de chuva regular. 

A revisão para baixo ocorreu apesar de um leve aumento na expectativa de produção de grãos arábicas, que respondem pela maior parte da safra do país, o maior produtor e exportador de café.

Apesar da revisão, impactada pelo tempo seco e quente, a safra brasileira ainda vai crescer 2,5% na comparação com a temporada anterior, no terceiro aumento anual seguido, uma rara sequência na história, na visão da StoneX.

De acordo com dados da Safras e Mercado, a colheita já ultrapassou os 80% e a revisão de uma das principais consultorias do mercado indicam uma redução de mais de 4 milhões de sacas, com a produção de 66 milhões. 

Os dados mais recentes indicam para uma safra de 45 milhões de sacas, o que significaria 3% acima do registrado no ciclo anterior e 20,7% para a canefóra - queda de 3% em relação ao ano passado. 

"As perdas na produção de arábica só se tornaram mais evidentes nas últimas semanas, com a aceleração da colheita. O sul de Minas Gerais, maior área de produção do Brasil, foi o mais afetado pela sequência de dias com temperaturas muito acima da média. Com cerca de 60% da safra já colhida, agora a expectativa é de 17,40 milhões de sacas, menor que as 17,50 milhões de sacas colhidas no ano passado", disse a consultoria. 

Em sua atualização, Guilherme Morya do Rabobank também destacou problemas no rendimento da safra e peneira abaixo da média. A projeção atualizada do banco para o ciclo atual é de 44,41 milhões de sacas para o arábica e 23 milhões de sacas. "Com isso, a produção total de café é agora projetada em 67,1 milhões de sacas, em contraste com a estimativa anterior de 69,8 milhões de sacas", afirma a consultoria. 

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Carlos Augusto Rodrigues de Melo confirmou que a cooperativa deve ter recebimento abaixo de 7 milhões de sacas esse ano. Os dados mais recentes divulgados pela Cooxupé confirmam que além da falta de chuva, as temperaturas também ficaram muito acima da média nas áreas de atuação da cooperativa, que inclusive acende um alerta para a atual condição do parque cafeeiro na principal área de produção de café do Brasil. 

Por: Virgínia Alves | @imvirginiaalves
Fonte: Notícias Agrícolas

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