Café: Entenda possíveis consequências do La Niña sobre o mercado internacional

Publicado em 13/05/2024 13:05

A atualização do Centro de Previsão Climática dos EUA indica uma transição de El Niño para La Niña no próximo mês, afetando o mercado de café em várias regiões. O atraso do La Niña pode exercer pressão de curto prazo sobre o desenvolvimento da safra 24/25 do Vietnã, com a extensão dos efeitos de El Niño. A precipitação acumulada permanece abaixo da média no Planalto Central.
 
No Brasil, a atenção se volta para a safra 25/26, uma vez que o La Niña pode trazer estresse hídrico semelhante ao da safra 21/22 em setembro. Essa transição também pode intensificar a temporada de furacões na América Central e causar temperaturas mais altas nas regiões produtoras de café da Colômbia.
 
Enquanto as preocupações diminuem no Brasil em outubro, preocupações persistem na América Central, afetando tanto a colheita de café da região quanto a temporada de furacões em geral.
 
A manutenção do El Niño cria desafios de curto prazo para o Vietnã, enquanto o Brasil enfrenta potenciais efeitos a médio prazo em sua safra 25/26. A situação requer monitoramento cuidadoso dos padrões climáticos nas áreas produtoras de café.

A Hedgepoint Global Markets aborda, em relatório, as consequências do fenômeno La Ninã sobre o mercado de café. Esta semana, o CPC (Centro de Previsão Climática dos EUA) divulgou a atualização sobre a direção do status ENSO para os próximos meses. Segundo a agência, deverá ocorrer um breve período de transição do atual El Niño para um La Niña ativo no próximo mês; espera-se que o último se forme no trimestre de junho a agosto.

De acordo com Natália Gandolphi, analista de Café da Hedgepoint, para o mercado cafeeiro, isso muda um pouco o panorama, em comparação com as expectativas anteriores. Isto se deve ao fato de que se esperava que o La Niña ficasse ativo mais cedo – o que, por exemplo, eliminaria parte da pressão climática para o desenvolvimento da safra 24/25 no Vietnã, que atualmente sofre os impactos do El Niño.

Embora os preços tenham corrigido com previsões que sugerem que as regiões produtoras de café no Vietnã começariam a registar níveis médios de precipitação até a terceira semana de Maio – e, de fato, algumas chuvas ocorreram no Planalto Central – os níveis cumulativos permanecem substancialmente abaixo da média.

“Além disso, o momento muda o foco também para a safra brasileira, uma vez que o fenômeno deverá ficar ativo no início da florada para o desenvolvimento da safra 25/26”, diz a analista.

A transição entre os dois status ENSO deve demorar mais do que o inicialmente esperado. Com isso, o foco se volta para o 3° tri: em setembro, o fenômeno pode gerar stress hídrico no Brasil, a exemplo do impacto na safra 21/22 – as anomalias de precipitação e temperatura estão destacadas nos mapas da Figura 3, indicando o clima que pode ficar mais quente e seco.

Também vale atenção para América Central, uma vez que o La Niña pode intensificar a temporada de furacões na região, e também para a Colômbia, com temperaturas mais altas em algumas das áreas produtoras de café. Com a manutenção do fenômeno até o final do ano, em outubro, as preocupações diminuem no Brasil, mas se mantêm para a América Central. Na Colômbia, regiões pontuais podem registrar redução do volume de chuvas – atenção especial para a safra principal”, destaca.

“Neste cenário, a transição mais tardia entre fenômenos acaba trazendo mais preocupações para o Vietnã no curto prazo, enquanto o destaque para o Brasil deve acontecer no médio prazo, focando na safra 25/26”, conclui.

Em resumo

O Centro de Previsão Climática dos EUA prevê uma transição de El Niño para La Niña no próximo mês. Uma transição tardia significa que El Niño ainda terá mais influência sobre o desenvolvimento da safra 24/25 do Vietnã. ‎‌   ‏

Apesar de algumas chuvas no Planalto Central, a precipitação geral permanece abaixo da média. A atenção também se volta para a safra 25/26 do Brasil, já que La Niña pode causar estresse hídrico semelhante ao ocorrido na safra 21/22, em setembro. América Central e Colômbia podem experimentar temporadas de furacões mais intensas e temperaturas mais altas, respectivamente.   ‏

Embora as preocupações diminuam no Brasil em outubro, elas persistem na América Central. Esse atraso na transição apresenta preocupações a curto prazo para o Vietnã e atenção a médio prazo para a safra 25/26 do Brasil.

Fonte: Hedgepoint Global Markets 

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Oferta comprometida faz preços do café fecharem sessão com fortes altas nesta 3ª feira (12)
Cenário macroeconômico faz preços do café registrarem fortes ganhos no início da tarde desta 3ª feira (12)
Mercado cafeeiro inicia 3ª feira (12) com preços mistos nas bolsas internacionais
Brasil exporta mais 4,9 milhões de sacas de café no mês de outubro
Café: Preocupação com safra 2025 faz sessão desta 2ª feira (11) fechar com altas moderadas dos futuros
ABIC apresenta dados de Café no varejo relativos a setembro de 2024
undefined