Café batendo 240 cents/lbp em NY elevou margem líquida para 25%, abrindo oportunidade única para o produtor

Publicado em 23/04/2024 09:37 e atualizado em 23/04/2024 10:15
Mercado ainda vai apresentar muita volatilidade, mas analistas afirmam que bom momento deve continuar no médio prazo

Mesmo com a safra batendo na porta, o produtor de café viu os preços avançarem de forma significativa nos últimos dias. Nesta terça-feira (23), até as 9h30 (horário de Brasília), os terminais de Londres e Nova York passavam por ajustes nos preços, mas de acordo com analistas o cenário ainda é positivo para os preços e o produtor precisa estar atento nas decisões a partir de agora. 

No período de um ano, os contratos do arábica em Nova York avançaram aproximadamente 20%, enquanto os de robusta avançaram mais de 70% diante das preocupações com a oferta da Ásia. Você pode conferir o histórico de preços aqui

Carlos Cogo - Sócio-Diretor da Consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, classifica o atual cenário como uma oportunidade ímpar e única para o setor cafeeiro brasileiro. 

"Essa situação não vai ser solucionada no curto prazo, é um estresse climático que pode ainda seguir com rescaldo nas próximas temporadas, atingindo os dois seguimentos de robusta e arábica", afirma. 

De acordo com o analista, as altas nos preços, mesmo em um período de mais custo para o produtor como a fase da colheita, trouxe também um salto significativo na margem líquida. Considerando a região do Sul de Minas Gerais, principal área produtora do país. Os dados consideram áreas com colheita de 30 sacas por hectare. 

"Até então, a margem líquida esperada para o café 2024/25 estava projetada em 11,6%, em torno de R$ 3.700,00 por hectare, com um custo pouco inferior 22/23 e um pouco superior 23/24. Se a gente colocar os atuais preços futuros, pensando no arábica, simulando preço de 240 cents/lbp, essa rentabilidade sobre para 25,5%, em torno de R$ 9.000,00 por hectare, uma das duas melhores margens dos últimos 15 anos", afirma. 

Apesar da volatilidade, que deve ser mantida, o analista afirma que o produtor precisa sim estar atento e participar agressivamente nas fixações. "Aproveitando venda no spot, no mercado físico, ao longo de 2024 e também em fixações na safra 25/26. Essas cotações permitem margens elevadas e atrativas, é um momento muito oportuno", complementa. 

Fundamentos não devem mudar no médio prazo 

O início de semana está sendo de correção, mas diante das incertezas climáticas tanto no Vietnã, mas também no Brasil com a previsão de um La Niña para o segundo semestre, o setor ainda aposta na permanência do momento para o café, apesar da volatilidade já conhecida pelo produtor. 

"Os fundamentos do mercado de café continuam os mesmos, e são positivos. Estoques baixos tanto nos países produtores como nos países consumidores, com seguidos problemas climáticos em todo o mundo, que devem continuar se sucedendo", destaca Eduardo Carvalhaes. 

Outro ponto de atenção, segundo o analista, são os números de consumo da bebida mundo afora. Depois de um período de estabilidade, o mercado opera com a expectativa de avanço em importantes polos e não apenas nos tradicionais. A Ásia, por exemplo, vem chamando atenção e deve sustentar esse incremento nos próximos anos. 

"Aumento de consumo mundial, com um crescimento mais robusto na Ásia, onde a China começa a se destacar, aumentando ano após ano suas importações de café. Nos EUA, maior consumidor de café do mundo, o presidente da NCA, a Associação Nacional de Café do País , informou, em comunicado à imprensa, que o atual consumo americano diário de café é o maior em 20 anos", complementa. 

Já no Brasil, segundo maior consumidor do mundo, continua positivo. O de solúvel, alcançou 5.235 toneladas no primeiro trimestre de 2024, crescendo 5,3% na comparação com as 4.970 toneladas consumidas de janeiro a março do ano passado.

Por: Virgínia Alves | Instagram: @imvirginiaalves
Fonte: Notícias Agrícolas

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