Café: hEDGEpoint analisa da demanda na União Europeia

Publicado em 08/02/2024 10:55

Em Junho, a União Europeia promulgou uma legislação visando combater o desmatamento, obrigando os produtos importados a aderir a normas ambientais específicas.

Este desenvolvimento regulamentar pode ser responsável pela diminuição dos níveis de estoques de café, que atingiram o ponto mais baixo de 7,28 milhões de sacas em dezembro, cobrindo apenas 8 a 10 semanas de consumo da UE, em comparação com o padrão de 15 a 16 semanas.

A alteração nos padrões de café importado é evidente no aumento para 64% das importações de arábica em novembro, acima dos 54% em julho de 2023. As importações acumuladas de café da UE para o período 23/24 totalizam 7,1 milhões de sacas, ligeiramente abaixo dos 7,9 milhões previstos.

Embora a demanda tenha aumentado para 10,1 milhões de sacas, face aos 8,6 milhões do ano passado, ela é influenciada por fatores que vão além das forças de mercado, e merece uma consideração cautelosa.

No final de junho, a União Europeia aprovou um novo conjunto de normas legislativas para combater o desmatamento – os produtos importados precisam certificar que não estão ligados a danos ambientais. A partir desse mês, a tendência dos estoques de café não pode ser explicada simplesmente por uma demanda ligeiramente maior ou somente pelo impacto dos elevados custos de armazenamento. Portanto, a queda dos estoques pode estar muito bem ligada às novas regras legislativas do bloco.

“Os estoques atingiram 7,28 milhões de sacas em dezembro, o menor nível da série disponível (desde dezembro de 2013). Atualmente, os estoques só podem cobrir cerca de 8 a 10 semanas de consumo na União Europeia, quando, em média, o bloco detém a quantia necessária para cobrir cerca de 15 a 16 semanas de consumo de torradores. É importante notar que a tendência do café importado continua a mudar. Em Novembro, cerca de 64% do total de café importado pela União Europeia era café arábica, em contraste com o mínimo de 54% registado em Julho de 2023 – o que sugere que, embora Londres continue a ser uma referência, essa tendência é apenas temporária”, afirma Natália Gandolphi, analista de Café da companhia.

No acumulado em 23/24, a União Europeia importou 7,1 milhões de sacas – um pouco abaixo dos 7,9 milhões de sacas esperados para o período, considerando um aumento de 1% nas importações para sustentar um aumento de 1,5% na demanda – no entanto, ainda é muito cedo para afirmar que essa tendência durará todo o ciclo.

Na verdade, para voltar aos níveis normais de estoques no bloco, as importações precisariam aumentar neste ciclo.

“Ainda assim, destacamos o argumento apresentado anteriormente no relatório: embora os estoques tenham caído mais do que o esperado, provavelmente devido à nova regulamentação sobre o desmatamento, o café pode ter sido apenas realocado”, diz.

E prossegue: “Para o valor acumulado em 23/24, os resultados do consumo aparentes também podem refletir esta tendência: o bloco teria consumido 10,1 milhões de sacas, contra 8,6 milhões de sacas no mesmo período do ano passado – o que foi um recorde. Nesse sentido, os números da demanda são altistas, mas devem ser considerados com cautela, já que parte do movimento é exógeno à própria demanda do mercado”, conclui.

Fonte: hEDGEpoint Global Markets

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Café: Safra é mais rápida, mas rendimento no Brasil preocupa e cotações avançam
Sebrae Minas, Senai e Expocacer assinam parceria que beneficiará cafeicultores do Cerrado Mineiro
Confirmando volatilidade esperada, bolsas voltam a subir e arábica avança para 240 cents/lbp
Região do Cerrado Mineiro lança campanha inédita para proteger origem autêntica de seu café
Com safra andando bem no Brasil, café abre semana com estabilidade
Café tem semana de ajustes nos preços e pressão da safra brasileira derrubando preços