Rabobank: Mudanças na ICE aceleram queda nos estoques e reajuste nos preços de café ainda deve acontecer
O produtor de café continua vivenciando um mercado nervoso, mas nos primeiros dias também viu os preços avançaram na Bolsa de Nova York (ICE Future US). As cotações chegaram a alcançar a marca de 178 cents/lbp nas últimas semanas com a preocupação climática, mas o produtor precisa participar do mercado porque a tendência ainda é de muita volatilidade.
Segundo Guilherme Morya, analista do Rabobank - que participa do 29º Encafé, alguns pontos justificam a valorização dos últimos dias. Entre eles, o calor intenso no Brasil, as novas regras para cafés certificados na ICE que começam a valer no mês que vem e os problemas logísticos no Porto de Santos.
Os estoques certificados na ICE estavam em 297 mil sacas até a última atualização. Em fevereiro deste ano a ICE informou as mudanças nos padrões de recebimento. "Os participantes do mercado que negociam o contrato futuro de café "C" são informados de que um acordo foi assinado no final de dezembro de 2022 na União Europeia e estabelecerá padrões da UE para importação e exportação de commodities e produtos, inclusive café arábica, que são associados ao desmatamento e/ou degradação florestal", afirmou a ICE na época.
Morya destacou que os estoques estão em baixa justamente para a retirada "mais rápida" dos cafés já certificados. "Estoques baixos, incerteza na oferta e o mundo vendo o Porto de Santos com problemas, tudo isso acaba dando um "plus" na volatilidade dos preços", disse.
O analista destacou ainda que as preocupações com o clima continuam, mas que o mercado ainda aposta numa safra cheia no ano que vem. "O mercado em si não está acreditando que o Brasil pode colher menos ano que vem, a perspectiva é que o Brasil vai conseguir produzir mais de 40 milhões de sacas no ano que vem", disse.
Com a volatilidade acentuada, o Rabobank acredita em um preço entre 155 e 160 cents/lbp. Além desses fatores, comentou sobre a demanda que cresce, mas em ritmo mais lento que nos últimos anos, com 1,7% de alta, abaixo de 2,5% dos dois últimos ciclos.