Café: Estoques certificados de arábica mantêm estabilidade, mas de robusta avançam com mercado se prevenindo

Publicado em 04/10/2023 12:22 e atualizado em 04/10/2023 16:48
Diferenciais no Vietnã ainda continuam acima da média, o que mantém espaço aberto para o Brasil

As dúvidas no mercado de café arábica continuam. Se por um lado o mercado precifica na expectativa de uma safra cheia para o Brasil no ano que vem, no campo o produtor ainda tem preocupação com as condições climáticas e com essa divergência, os negócios continuam mais lentos, sendo esse cenário refletido até mesmo nos estoques certificados na ICE em Nova York. 

Desde a Covid-19 os estoques estão abaixo de um milhão de sacas e com os negócios "andando de lado", no último mês a ICE registrou queda de 42.793 mil sacas em comparação com o agosto. Na variação anual, no entanto, foi observado incremento de 15.765 sacas quando comparado com setembro de 2022. Até a manhã dessa quarta-feira (4) a ICE contava com 445 mil sacas. 

Haroldo Bonfá, analista da Pharos Consultoria, avalia que o volume ficou dentro do esperado, diante de um mercado que segue travado e sem grandes novidades. "Os estoques ainda estão baixos, mas o cenário é confortável neste momento. O mercado opera com essa "supersafra imaginária" chegando, nós temos apenas movimentos pontuais marcando o mercado de arábica", afirma. 

Os dados mostram ainda que a ICE tinha cerca de sete mil sacas pendentes de avalição. E o que chama atenção, de acordo com Haroldo, é que todas são provenientes do Brasil. A participação do Brasil nos cafés certificados confirma que a qualidade do produto brasileiro tem sido reconhecida pelo mercado internacional. Com exceção dos diferenciais que ainda não são pagos como para outras origens produtoras, mas cenário que as lideranças do setor exportador do Brasil está trabalhando para reverter. 

Fonte: Pharos Consultoria 

 

ESTOQUES DE ROBUSTA AVANÇAM EM LONDRES, MAS BRASIL AINDA É MAIS COMPETITIVO 

Já quando se avalia o mercado de robusta o cenário é oposto. Há alguns meses operando com intensa valorização, diante das dúvidas em relação à produção do Vietnã, a ICE registrou o incremento de 146.833 mil sacas no mês passado. No comparativo anual, no entanto, foi registrada queda significativa, de 874.333 mil sacas. O analista avalia, no entanto, que o número pode ser reflexo do mercado se prevenindo de novas altas nos preços. 

Fonte: Pharos Consultoria 

A produção da Ásia ainda é incerta para o mercado de robusta. Para o USDA, o Vietnã poderá ter um incremento de 5% na produção no ciclo 22/23 com 31 milhões de sacas, considerando as boas condições climáticas observadas até aqui. 

Já para operadores e traders, essa variação positiva na produção vietnamita não deve ocorrer, devido as intempéries climáticas. A safra do Vietnã deve começar nas próximas semanas. 

Ainda assim, a quebra na Indonésia será representativa, com o USDA estimando a produção de 23/24 em 9.7 milhões de sacas. O ciclo anterior foi de 11.28 milhões de sacas.

"Esses estoques deveriam cair, mas com a preocupação com os patamares de negociação, subiram. O mercado aproveitou para fazer uma reposição nos estoques porque lá na frente poderia ter que comprar mais caro. Porém, não podemos nos esquecer da entrada da safra do Vietnã que pode pressionar as cotações", afirma. 

Todo esses fatores, no entanto, mantêm o Brasil com uma boa participação nesse mercado. No mês passado, os dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil  já mostraram avanço de mais de 400% nos embarques. 

Com os diferenciais elevados, o café brasileiro continua sendo mais competitivo. Nas últimas semanas, o valor estava em 60 Dong vietnamita (moeda local). A título de comparação, quando o diferencial está entre 20 e 25, o cafeicultor do Vietnã já considera um cenário positivo para fechar negócio. 

Os dados preliminares do Cecafé confirmam a tendência de que o café do Brasil vai seguir com boa representatividade no mercado internacional. O mercado opera com números entre 600 e 605 mil sacas deste tipo de café embarcadas pelo país no mês passado. 
 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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