Preocupação com oferta e diferenciais altos: Estoques certificados de conilon recuam 90 mil sacas

Publicado em 06/07/2023 10:00 e atualizado em 06/07/2023 15:55
Semelhante ao que aconteceu com o arábica, café certificado na ICE se torna mais viável para o mercado neste momento

Depois de um período sendo suporte para a quebra da produção de café arábica, agora a produção mundial de café conilon é o que preocupa o mercado do café. 

Com as baixas na produção da Ásia, os preços continuam em alta e os estoques certificados na Bolsa de Londres já começam a registrar quedas significativas - semelhante ao que aconteceu com os certificados em Nova York para o arábica. 

Os dados da ICE mostraram que entre terça e quarta-feira, foi registrada a baixa de 95 mil sacas de café conilon certificado. Agora o volume está em 1.231.500 de sacas. 

"Isso segue a nossa análise de que o café brasileiro já se tornou internacionalmente mais atrativo e pode passar a ver um aumento nas exportações e também na certificação de café, apesar de que essa certificação pode ser limitada em comparação ao que vimos no ano passado, por conta da demanda doméstica que continua firme pelo conilon", afirma o especialista. 

Os números mostram que o cenário começou a mudar em maio. No último mês, o café vietnamita era negociado US$ 80 por tonelada acima da Bolsa, enquanto o da Indonésia ganhava mais de US$ 150 por tonelada. Neste mesmo período, o café do Brasil era negociado, pelo menos, US$ 130 por tonelada abaixo da Bolsa de Londres. 

No mês de junho, essa diferença passou a ser ainda mais significativa, apesar da leve recuperação nos diferenciais. O café do Vietnã está sendo negociado US$ 300 acima de Londres, o da Indonésia acima de US$ 250 por tonelada e o do Brasil se mantém mais de US$ 100 dólares abaixo. 

 

Quebra na produção asiática

De acordo com análise de Leonardo Rossetti, a queda nos estoques já é uma resposta para os diferenciais de café na Ásia que estão elevados há algumas semanas, o que torna o estoque certificado uma alternativa mais viável e barata para o mercado. 

Para o USDA, o Vietnã poderá ter um incremento de 5% na produção no ciclo 22/23 com 31 milhões de sacas, considerando as boas condições climáticas observadas até aqui. A colheita no Vietnã começa em novembro. 

Ainda assim, a quebra na Indonésia será representativa, com o USDA estimando a produção de 23/24 em 9.7 milhões de sacas. O ciclo anterior foi de 11.28 milhões de sacas. 

Brasil pode voltar ao jogo internacional, mas produtor ainda participa pouco do mercado 

Segundo análise da StoneX Brasil, os preços atuais podem refletir nas exportações do Brasil. Há dois anos o mercado observa queda nos embarques, com a indústria interna demandando mais conilon diante da quebra do arábica. 


 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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