Conilon brasileiro volta a ser o mais competitivo do mercado e coloca país de volta ao jogo internacional

Publicado em 29/06/2023 16:08 e atualizado em 29/06/2023 17:13
Restrição de oferta na Ásia justifica diferencial tão significativo e abre espaço de recuperação para o Brasil

Depois de um período perdendo certo espaço no mercado internacional, o cenário para o café conilon do Brasil deve começar a mudar nos próximos meses. Após uma baixa significativa nas exportações, o café conilon brasileiro volta a ser o mais competitivo do mercado. 

Segundo dados levantados por Fernando Maximiliano, da StoneX Brasil, diante dos problemas de oferta enfrentados na Ásia, o diferencial para os cafés do Vietnã, Índia e Indonésia avançaram de forma significativa, enquanto os valores para o café do Brasil ficou abaixo do negociado na Bolsa de Londres. 

Os números mostram que essa condição começou a mudar em maio. No último mês, o café vietnamita era negociado US$ 80 por tonelada acima da Bolsa, enquanto o da Indonésia ganhava mais de US$ 150 por tonelada. Neste mesmo período, o café do Brasil era negociado, pelo menos, US$ 130 por tonelada abaixo da Bolsa de Londres. 

No mês de junho, essa diferença passou a ser ainda mais significativa, apesar da leve recuperação nos diferenciais. O café do Vietnã está sendo negociado US$ 300 acima de Londres, o da Indonésia acima de US$ 250 por tonelada e o do Brasil se mantém mais de US$ 100 dólares abaixo. 

Para o analista, os preços podem refletir as exportações e o Brasil pode voltar a ganhar protagonismo na oferta deste tipo de café. "O Brasil vai ganhar espaço no mercado internacional. O Brasil volta a ser protagonista porque dentro das outras origens produtoras esses diferenciais estão firmes", afirma Maximiliano. 

A StoneX estima a produção brasileira em 21.6 milhões de sacas, mantendo estabilidade em relação à temporada anterior. Já quando se fala nas demais origens, os números do USDA indicam que o cenário continuará sendo de oferta restrita. 

Para o USDA, o Vietnã poderá ter um incremento de 5% na produção no ciclo 22/23 com 31 milhões de sacas, considerando as boas condições climáticas observadas até aqui. A colheita no Vietnã começa em novembro. 

Ainda assim, a quebra na Indonésia será representativa, com o USDA estimando a produção de 23/24 em 9.7 milhões de sacas. O ciclo anterior foi de 11.28 milhões de sacas. 

"É importante levar em consideração que mesmo com a alta na produção do Vietnã o problema não será resolvido, podemos ver um ajustes nos preços, mas a condição de oferta restrita permanece porque o grande problema é a Indonésia", comenta. 

Acrescenta ainda que apesar do espaço para o Brasil, as lavouras ainda não devem atingir todo potencial produtivo, respondendo por mais um ano às condições climáticas adversas. "Temos esse espaço, mas é importante ressaltar que esse cenário não pode ser analisado de forma isolada, precisamos considerar que qualquer impacto no arábica pode influenciar os negócios", finaliza. 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Sebrae Minas, Senai e Expocacer assinam parceria que beneficiará cafeicultores do Cerrado Mineiro
Confirmando volatilidade esperada, bolsas voltam a subir e arábica avança para 240 cents/lbp
Região do Cerrado Mineiro lança campanha inédita para proteger origem autêntica de seu café
Com safra andando bem no Brasil, café abre semana com estabilidade
Café tem semana de ajustes nos preços e pressão da safra brasileira derrubando preços
Café em Prosa #175 - Atenção produtor de café: Certifica Minas pode reduzir 0,5% de juros em linha do Plano Safra