Nespresso mira público jovem para elevar faturamento com máquinas de café no Brasil
Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A Nespresso, uma das unidades de negócios de café da Nestlé <NESN.S>, está investindo em uma estratégia focada na agregação do público jovem ao mercado de máquinas de café no Brasil, para ampliar seu faturamento no país que é o segundo maior consumidor da bebida no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Em entrevista à Reuters, o presidente executivo da Nespresso no Brasil, Ignacio Marini, disse que a companhia lançou nesta semana a máquina de café Vertuo POP, que contou com um aporte de 10,6 milhões de reais no mercado brasileiro.
O lançamento da máquina que terá como foco os mais jovens acontece após os segmentos de cafés em cápsula e solúvel terem perdido mercado em 2022 para o café torrado e moído, com 85% do valor das vendas, conforme pesquisa consolidada pelo Comitê de Cafés da Nestlé.
O segmento de cápsulas é o segundo em valor de mercado no Brasil, com uma fatia de 7,1%, após ter atingido 9% em 2021, mas ainda assim supera os solúveis, com 6,4%.
No entendimento da Nespresso, isso significa que há amplo espaço para crescimento de consumo via máquinas de café no país.
"Vemos que os consumidores atuais estão ampliando a demanda por máquinas e trazendo novos membros, e muitos desses novos membros são jovens", afirmou o executivo.
Segundo ele, o sistema Vertuo foi adotado primeiro nos Estados Unidos e Canadá e há um ano e meio chegou ao Brasil. A versão POP, lançada esta semana, tem diversidade de cores, além do tamanho menor.
As máquinas desta linha ainda operam na tecnologia Centrifusion de extração, onde um código de barras presente nas cápsulas otimiza os parâmetros de extração automática, que regulam o fluxo e o volume da água, a temperatura, o tempo de infusão e a rotação da cápsula, evitando o desperdício destes recursos. Um único botão prepara de 40ml a 535ml de café.
A ideia é que a máquina faça a extração de perfis diferentes de cafés em tamanhos que vão desde o "cafezinho" do tipo expresso até a bebida semelhante ao caseiro coado, explicou o presidente.
"A aceitação foi muito mais do que esperávamos, por isso temos grandes expectativas para frente", comentou.
O objetivo da empresa é que, até 2025, cerca de 50% das máquinas vendidas pela Nespresso sejam do sistema Vertuo.
Assim, Marini espera que faturamento da linha Vertuo cresça até 2025 e passe a representar 18% do total da empresa, ante os atuais 10%.
No caso da Vertuo POP, a percepção da Nespresso é que essa nova geração de consumidores é mais "antenada", gosta de praticidade, conectividade e se preocupa com a sustentabilidade.
A estratégia para atrair a demanda dos mais jovens está em juntar os diferencias de extração presentes em todas as Vertuos com a questão da conectividade, além do design do equipamento.
Por meio da conectividade da Vertuo POP, é possível fazer atualizações no sistema da máquina, acessar informações de tutoriais e a página de assistência técnica.
Mas não é possível alterar parâmetros do café ao gosto do consumidor, uma possibilidade recém lançada pela Nestlé no Brasil com a linha Dolce Gusto Neo, que tem um aplicativo de smartphone.
No campo da sustentabilidade, ela é composta por 35% de materiais reciclados e também vem com uma embalagem produzida com 95% de compostos reutilizáveis. As cápsulas de café são feitas de 85% de alumínio reciclado.
A gerente de Sustentabilidade da Nespresso no Brasil, Cecilia Soares, lembrou que todas as fazendas fornecedoras de café à companhia fazem parte do programa AAA de qualidade sustentável.
Questionado sobre as expectativas de vendas e faturamento da companhia para 2023 no país, Marini preferiu não detalhar por questões estratégicas.
O mercado global de máquinas de café foi avaliado em 5,11 bilhões de dólares em 2020 e deve atingir 6,36 bilhões de dólares até 2026, registrando uma taxa de crescimento anual de mais de 4,5% durante o período de previsão, informou a Nespresso com base em dados da empresa de análises Mordor Intelligence.
No Brasil, Marini não detalhou o ritmo de evolução do segmento, mas destacou que as expectativas são positivas, principalmente devido ao elevado patamar de consumo de café em relação aos demais países do mundo.
Após uma queda de 1% no ano passado causada pela inflação sobre o preço dos produtos no varejo, a indústria brasileira de café espera que o consumo se recupere em 2023 e volte para uma linha crescente que vinha se desenhando desde 2019, conforme dados da associação nacional Abic.
(Reportagem de Nayara Figueiredo)