Áreas de arábica agora têm excedente hídrico, que estende ciclo da safra e chama atenção para irrigação
Depois de três anos com muita irregularidade climática trazendo impactos negativos na produção, o produtor de café está vivenciando um começo de ano diferente em 2023. Segundo dados da Fundação Procafé, divulgados na manhã desta quinta-feira (16), as chuvas registradas no mês de janeiro já somam 36% do total esperado para o ano nas principais áreas de produção de arábica do Brasil.
Segundo Rodrigo Paiva, engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, no sul de Minas Gerais, as temperaturas também ficaram levemente mais baixa em relação a média história de 22,4ºC. Já quando o assunto é precipitação, os números de fato chamam atenção. Na estação do Sul de Minas, o acumulado em janeiro foi de 502,4mm, quando a média esperada para o período é de 247,6mm.
O mesmo foi observado nas estações do Alto Paranaíba e no Triângulo Mineiro. A média esperada era de 247,6mm, mas choveu 502,4mm. As temperaturas também ficaram levemente abaixo da média, com 20,7ºC.
Na Alta Mogiana, a média esperada era de 330,3mm e foram registrados 653,9mm de chuva. A temperatura também foi mais branda, com 21,5ºC.
Rodrigo Paiva explicou que as chuvas acabaram gerando um excendente hídrico em toda área. Em Varginha o volume foi de 407,2mm, Carmo de Minas tem excedente de 345,5mm, Boa Esperança de 494,1mm e Muzambinho de 424,8mm.
Alysson Fagundes, engenheiro e pesquisador da Fundação Procafé, explicou durante o episódio que esse excesso de chuva está estendendo o ciclo da safra.
"Estamos observando de forma muito clara na lavoura que o ciclo está estendendo. Parecia que ia adiantar a colheita, que a safra ia adiantar, mas devido essas chuvas o ciclo está prolongando. Toda vez que a planta tem condições ótimas, o ciclo prolonga. Toda vez que tem condições ruins de sol, seca, praga ou doença, o ciclo encurta", explica.
No comparativo com o ano passado, o podcast da Fundação Procafé relembrou o período de alto índice de doenças no parque cafeeiro, condição que também está mais otimista neste ano.
Diante deste cenário de chuvas positivas neste momento, mas de preocupação no longo prazo. Os especialistas afirmam, mais uma vez, que a irrigação pode ser uma grande aliada caso volte a faltar chuva nos próximos meses. É importante lembrar que no último ciclo as chuvas cessaram entre o mês de fevereiro e março.
"Estamos com esse excesso agora, provavelmente vai faltar lá na frente. É hora do produtor ter irrigação, é hora ter armazenamento de água na propriedade dele para segurar essa água que está indo embora, essa água que está indo embora para poder usar no momento em que faltar", afirma.
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