hEDGEpoint destaca em relatório relação de estoque e uso do café arábica na safra de 2023/2024
O desenvolvimento da safra 2023/2024 no Brasil avança e o otimismo anterior do mercado é questionado, destaca a hEDGEpoint Global Markets em relatório desta semana. Porém, ainda que a safra brasileira seja protagonista, outros atores entram em cena, como a colheita 2022/2023 nos países do grupo de outubro, novas notificações de entregas e a demanda nos destinos do produto.
“Os fatores macroeconômicos e técnicos também ganharam importância, com fundos apresentando uma dinâmica semelhante a 2011”, pontua a especialista em Café da companhia, Natália Gandolphi.
Porém, apesar do movimento semelhante dos especuladores, a dinâmica de estoque/uso do arábica contrasta com a observada no ciclo 11/12, e ainda depende fortemente do desenvolvimento da safra brasileira, que deve passar por estágios-chave com o clima sob influência do La Niña.
Na última semana, o desenvolvimento da safra 23/24, no Brasil, foi questionado, dando certa força aos preços. Ainda assim, a safra brasileira é apenas um dos atores em cena, acompanhada de prováveis atrasos na colheita em áreas afetadas por um La Niña ativo -- América Central, Colômbia e Vietnã, onde as chuvas podem chegar a 600% da média para o período -- além de aumento dos estoques certificados -- liderados por Brasil e Honduras --, novos avisos para entrega do contrato de dezembro -- desta vez liderados apenas por Honduras -- e indicadores de demanda preocupantes nos EUA e Japão.
Apesar da influência desde atores em forma de fundamentos altistas e baixistas, a cena é atualmente dirigida por fundos.
A safra 2011/2012 foi marcada pelo aumento de preço para a marca de 300 c/lb seguido posteriormente por uma queda contínua nos anos seguintes, revertendo apenas quando a safra brasileira foi afetada pela seca. A relação estoque/uso vinha de uma recuperação no ciclo anterior e continuou essa recuperação.
Desta vez, no entanto, o ciclo 22/23 marca a segunda queda na relação estoque/uso do arábica, com apenas uma pequena recuperação para 23/24 -- uma recuperação, é importante notar, que ainda depende muito do desenvolvimento de uma safra brasileira que agora está mais incerta.
Com um ponto de interrogação na escala de quase 40% da produção global de café, o mercado deve apresentar volatilidade. Os preços estão mais próximos da sobrevenda do que da sobrecompra no índice de força relativa.
"Ao longo de outubro, chuvas promissoras alimentaram o otimismo do mercado em relação à safra 23/24 no Brasil. Em nosso relatório de 28 de outubro, destacamos que, embora seja esperado um aumento em relação a 22/23, a safra de arábica não tinha potencial para atingir os níveis recordes de 20/21 -- e isso fica mais claro com o avanço no desenvolvimento”, destaca a analista de Café da hEDGEpoint, Natália Gandolphi.
“Existem algumas semelhanças importantes quando comparamos 2022 e 2011 em termos de posições de fundos e dinâmica dos spreads, mas quando se trata da relação estoque/uso do arábica, o movimento difere do visto em 2011, com aperto em 22/23 e uma recuperação ainda incerta em 23/24”, acrescenta Gandolphi.