Café Produtor de Água realiza curso de construção e manutenção de estradas vicinais
A equipe técnica do Programa Café Produtor de Água está no processo de treinamento e capacitação dos profissionais que irão atuar nas ações do Projeto Piloto que está sendo desenvolvido na bacia do Ribeirão Conquista, no município de Alpinópolis/MG, em propriedades de cooperados da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé). Há algumas semanas foram iniciados os cursos práticos oferecidos pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), parceira do projeto. Neles, os profissionais estão aprendendo o passo a passo para o reflorestamento de áreas, conservação do solo, cuidado com as nascentes e com os mananciais, entre outros.
Na última semana, o Conselho Nacional do Café (CNC) fez um treinamento para os operadores de máquinas e equipamentos, encarregados de serviços das estradas rurais, mecânicos, topógrafos, motoristas e engenheiros de prefeituras, ministrado por José Zocal. O objetivo do treinamento foi mostrar como é feito o trabalho de melhoria de uma estrada vicinal. A recuperação de vias rurais, além da utilização tecnologias de adequação do sistema de drenagem das águas pluviais, evita o assoreamento dos mananciais e ajuda na preservação do meio ambiente.
“Temos como objetivo principal com esses treinamentos tornar mais preparada e eficaz a mão de obra a ser utilizada nas atividades do Café Produtor de Água, capacitando-a para a elaboração e condução de planos de conservação de estradas rurais – que sejam duradouras – e de proteção do solo e água”, destaca Devanir Garcia, consultor técnico do Programa.
Alpinópolis, berço do projeto
A região de Alpinópolis já começa a perceber o quanto o programa será importante para a melhoria da área rural como um todo. A estrada selecionada chamada de “Morro da Preguiça na linha da Roseira” em Alpinópolis/MG, é considerada de alto risco aos que ali trafegam, sendo um dos trechos mais perigosos na época das chuvas. “Para adequação da estrada foi necessário refazer a sua base, retirando o chamado “borrachudo”, expressão utilizada para identificar o solo solto/maleável na estrada. A base foi feita com a mistura de solo vermelho sendo colocado até formar um abaulamento facilitando o escoamento da chuva. A finalização da estrada é feita com a mistura de solo e material granular (aproximadamente 30%), também conhecido como a etapa da adição de cascalho, através de cálculos realizados com base nos dados obtidos com os seguintes equipamentos de nível e régua. Ainda serão construídas lombadas (peito de pomba) anterior à bacia de contenção que será recuperada, para evitar maior velocidade das águas de chuvas torrenciais,” explica Natalia Carr, assessora técnica do CNC.
O prefeito de Alpinópolis, Rafael Freire, visitou o local e destacou a importância do projeto para a região. “Toda a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Meio Ambiente e Agricultura, incluindo nossos operários e maquinistas, passaram por um treinamento intensivo durante uma semana. Além das aulas teóricas, nossos servidores tiveram aulas práticas, aprendendo novas técnicas de conservação do solo e de manutenção das estradas vicinais. O aprendizado será aplicado em toda extensão rural do município, melhorando a qualidade das nossas estradas vicinais e ajudando o meio ambiente na produção de água, valorizando nosso Ribeirão Conquista”.
Benefícios rurais e urbanos
Para o presidente do Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro, os resultados do programa já começam a ficar visíveis na região. No entanto, os benefícios não serão percebidos apenas na zona rural. Com a revitalização de mananciais, a água que chegará à cidade será de melhor qualidade. “Nosso papel como gestor do Café Produtor de Água, tendo a Cooxupé como nossa parceira no projeto piloto, é mostrar o quanto serão transformadas as vidas de todas as pessoas, não só dos produtores rurais, porque o programa impactará toda uma região. Para se conservar um manancial você precisa cuidar das estradas vicinais que cortam córregos e rios. Porteira adentro, o projeto vai proporcionar que o cafeicultor cuide do seu patrimônio como um todo. A lavoura, claro, receberá os benefícios, mas a propriedade será transformada de uma maneira geral. Na cidade a água chegará com mais qualidade em razão da ação direta do produtor na zona rural. É um elo extremamente virtuoso”, ressalta.
O programa é idealizado pelo Conselho Nacional do Café (CNC) – como braço operacional do setor de cooperativismo da produção de café – da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Banco Sicoob) e demais parceiros. O projeto piloto está sendo desenvolvido com o apoio da Cooxupé e será implementado em outras cooperativas de café, vinculadas ao CNC.