Cafeeiros da cultivar arara com alta produtividade na cafeicultura de montanha
A cultivar arara tem apresentado bom desempenho produtivo na condição de cafeicultura de montanha, mostrando, também, boa resistência. Por isso, vem sendo muito plantada nos últimos anos nessas regiões.
A cafeicultura de montanha é composta pelas regiões e lavouras cultivadas em terrenos declivosos, onde a mecanização fica difícil e as lavouras são conduzidas, quase que exclusivamente, com tratos manuais. No Brasil, ela abrange as regiões das Matas de Minas, Serranas do Espírito Santo, o Noroeste e a região Serrana do estado do Rio de Janeiro e a parte do Sul de Minas e São Paulo, na divisa com Minas Gerais. No total, a área de café nessa região é estimada em cerca de 600 mil hectares de cafeeiros arábicas.
A variedade de café tradicionalmente mais plantada na cafeicultura de montanha é a catuaí, que possui boas características produtivas e porte baixo, o que é vantajoso por facilitar os tratos. Porém, pela condição de ambiente úmido e sombrio da região, com agravamento por lavouras mais adensadas, a ferrugem ataca fortemente essa variedade suscetível à doença, provocando desfolhas prejudiciais. Por sua vez, o controle químico, com pulverizações de fungicidas, é difícil e oneroso, devido à topografia acidentada nos cafezais. Por essa razão, essa variedade vem sendo, gradativamente, substituída por outras novas com tolerância ou resistência à ferrugem.
Uma das novas variedades de cafeeiros que tem se destacado, a nível nacional, é a arara, que se mostra muito produtiva em diversas regiões, sendo altamente resistente à ferrugem. Os resultados de pesquisas conduzidas em áreas de cafeicultura de montanha, na Zona da Mata de Minas e no Espírito Santo, também indicam essa variedade como de boa adaptação nessa condição. Pode-se observar os resultados de três ensaios realizados na região, conforme as tabelas 1 e 2. Em Marechal Floriano (ES), foram colhidas 6 safras, isto depois de recepar os cafeeiros do ensaio que já haviam produzido dez safras, portanto, agora, com mais 6 safras, possuem 19 anos de idade. O bom desempenho produtivo dos cafeeiros arara mostra, assim, boa recuperação do material depois da poda drástica, evidenciando, também, seu bom vigor a longo prazo. Na Zona da Mata dois ensaios, instalados em Martins Soares, mostraram, em 7 e 9 safras, respectivamente, acréscimo médio produtivo de 42% nos cafeeiros arara em relação à variedade padrão usada no estudo, o catuaí IAC 44.
A princípio pensava-se que os cafeeiros arara não se adaptariam bem ao cultivo em espaçamentos mais adensados e, também, havia dúvidas sobre seu comportamento em áreas de altitude um pouco mais baixas e em áreas com o nematoide exígua. Os experimentos realizados e as observações em plantios comerciais mostram que a cultivar se adapta sim a essas condições. Os ensaios em Marechal Floriano e Martins Soares foram conduzidos em altitudes na faixa de 600-750 m, os espaçamentos foram de 3 x 0,7 m e, na área de Marechal Floriano, ocorre forte infestação de M. exígua.
Sabe-se que a cultivar arara é suscetível a esse nematoide, mas, mesmo com o ataque, foi capaz de produzir mais do que os demais materiais, incluindo um resistente a essa praga, o 785-15. Sabe-se que os cafeeiros arara possuem um diâmetro de saia maior, o que não seria muito adequado nos casos de plantios adensados, porém, a sua alta capacidade produtiva, sua resistência à ferrugem e a sua boa resposta a podas, especialmente no sistema safra zero, compensam. Um exemplo dessa boa adaptação foi observado, em recente visita, em plantio efetuado no município de Ibatiba-ES, no espaçamento de 2,5 x 0,6 m. Nessa área, aos 2,5 anos, as plantas de Arara produziram, em média, 8,5 litros de frutos, o que correspondeu a uma safra de 113 scs/ha, isto sendo a primeira safra. Observando a plantação, depois da colheita, pode-se estimar que a próxima safra deverá ser semelhante.
Pelos bons resultados obtidos e pelas observações de campo pode-se concluir pela indicação da cultivar Arara, para plantios em condições de cafeicultura de montanha e, mesmo, para plantios semiadensados, nessa condição aproveitando safras iniciais altas e depois manejando-se com poda no sistema safra zero.