Café: Risco geada segue e professor da UFLA destaca ação de prevenção nas áreas irrigadas

Publicado em 18/05/2022 16:56 e atualizado em 18/05/2022 17:49
Atmosfera fica mais seca nos próximos dias, o que favorece formação de geada e José Donizeti Alves explica que produtores com irrigação podem utilizar algumas técnicas para minimizar danos

Com a memória recente das geadas do passado, o cafeicultor respirou aliviado com as condições que o parque cafeeiro amanheceu nesta quarta-feira (18). Desde a semana passada as principais consultorias de previsão do tempo, assim como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertavam para onda de frio com risco de geadas em áreas de produção agrícola no Centro-Sul do Brasil, com destaque para as áreas de arábica no Paraná, Alta Mogiana e sul de Minas Gerais. 

As previsões indicavam declínio expressivo nas temperaturas, o que de fato aconteceu nas principais áreas de produção, mas a atuação da tempestade subtropical Yakecan favoreceu o aumento de nuvens no parque cafeeiro e as chuvas pontuais registradas dos últimos dias também colaboraram para a umidade mais elevada. 

Os dois fatores juntos minimizaram os riscos de uma geada, mas as temperaturas mais baixas continuam sendo observadas pelo produtor. José Donizete Alves, José Donizeti Alves, professor e pesquisador da Universidade Federal de Lavras (UFLA) destaca que mesmo sem as geadas, as temperaturas mínimas caíram bastante. "Tem que ser 0ºC ou menos para congelar o pé de café, mas o que estamos observando é que a temperatura também caiu bastante durante o dia e isso pode queimar as gemas florais, o que pode resultar em menos flores e consequentemente menos frutos", explica. 

Segundo o professor, esse já é um cenário conhecido do produtor, mas que ainda assim traz efeito psicológico para quem está no campo, principalmente depois dos eventos climáticos registrados no ano passado. Para esse dano na planta não é preciso muito tempo de onda de frio, basta que uma massa de ar mais gelado passe pelo cafeeiro para colocar parte da planta em risco e de acordo com o professor não existem alternativas para proteger o cafezal das temperaturas mais baixas. 

O professor Donizete também reconhece a preocupação com a intensidade do frio nos próximos dias, e ressalta que algumas ações podem ser tomadas pelo produtor para tentar minimizar os impactos das geadas caso elas se confirmem. Para o produtor que faz uso da tecnologia de irrigação, seja ela pode gotejamento ou por aspersão, a orientação é que se suspenda a irrigação entre 5 e 7 dias da data prevista da geada. 

O especialista explica que é possível amenizar as perdas pela geada ao acionar a irrigação por aspersão quando a temperatura cai a poucos graus do congelamento. Nesse caso, a água depositada na superfície do vegetal será congelada e ao se manter a 0°C, forma uma película protetora das plantas, evitando o congelamento dos líquidos internos, posto que a energia que seria gasta para congelar a folha é gasta para congelar a água que está sobre ela, garantindo sua proteção.

"Finalmente, é  importante destacar que a suspensão da irrigação, bem como a pulverização,  devem ser feitas alguns dias antes da geada a fim de dar tempo para a selva se concentrar na planta. Por outro lado, a irrigação emergencial, só é recomendada para manter a lavoura molhada no momento da geada. Se for feita com muita antecedência, vai  haver a diluição da seiva e potencializar os danos da geada", acrescenta. 

O cenário continua sendo de alerta porque de acordo com Estael Sias, meteorologista da MetSul, a partir de agora além das temperaturas mais baixas, com o deslocamento da tempestade subtropical, a atmosfera passa a ficar mais seca, com condições mais favoráveis para as geadas. A tendência, segundo Estael, é que as temperaturas continuem em declínio até o próximo domingo. 

"A massa de ar polar, a parte mais potente com ar seco e mais frio ainda não aconteceu grande parte do território nacional porque ainda tem o ciclone gerando umidade e instabilidade, então conforme ele se afasta o ar seco toma conta da região, derruba mais a temperatura. Quanto mais seca a atmosfera, maior potencial de geada, as vezes nem precisa de uma temperatura tão baixa, mas com perfil mais seco acaba ficando mais favorável", explica  a meteorologista. 

Veja os mapas com a previsão de geada nos próximos dias: 

 

 


 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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