Embrapa Café lança publicação sobre estado nutricional dos solos e cafeeiros da região das Matas de Minas
O Brasil há várias décadas é o maior produtor, exportador e segundo maior consumidor de café no mundo. No ano de 2020, o País produziu mais de 60 milhões de sacas beneficiadas de 60kg, das quais em torno de 48 milhões foram de café da espécie Coffea arabica, o que representou em torno de 80% da produção nacional.
Neste contexto, Minas Gerais se destaca por ser responsável por aproximadamente 50% da produção nacional, estado que tem importantes regiões cafeeiras, entre as quais se destaca a região das Matas de Minas, em pleno bioma Mata Atlântica. Essa região, que é formada por 64 municípios, tem relevo ondulado que favorece o bom desenvolvimento das lavouras de café, que lhe confere um clima ameno, principalmente, nas altitudes superiores a 1.000m, bem como pelo tipo de solo e pelo manejo tradicional desenvolvido e realizado pelos produtores para a produção de cafés de qualidade. Porém, para a produção comercial do café na região, torna-se necessário o uso de boas práticas culturais, sobretudo em relação ao manejo correto do estado nutricional dos solos e das plantas cafeeiras.
Especificamente em relação às Matas de Minas, a cafeicultura na região é predominantemente de base familiar, com aproximadamente 275 mil hectares de lavouras, distribuídos em cerca de 51 mil propriedades, das quais mais ou menos 41 mil são pequenas propriedades rurais, com menos de 20 hectares. Nesse contexto, os pequenos produtores, pelas próprias características de produção, geralmente possuem recursos financeiros escassos para investir na lavoura. Assim, tendo em vista o alto custo dos fertilizantes, é fundamental que esses insumos sejam aplicados de forma eficiente para que sejam otimizados.
Para tanto, como o cafeeiro demanda grande quantidade de nutrientes, para garantir alta produtividade nas lavouras, deve ser dada mais atenção à fertilidade, com a correta aplicação de corretivos e fertilizantes. Assim, a nutrição adequada pode também favorecer mais a resistência das plantas à ocorrência de pragas e doenças, assim como possibilitar a produção de cafés de melhor qualidade, que atenda aos diferentes mercados de consumidores cada vez mais exigentes.
A fim de conferir mais eficiência na absorção e uso de nutrientes torna-se necessário determinar corretamente a fase de desenvolvimento da planta, uma vez que cada uma delas apresenta exigências nutricionais distintas, assim como o tipo de nutriente com a respectiva quantidade a ser aplicado. Obviamente, com o emprego do manejo adequado da adubação é possível alcançar maior produtividade com o menor custo de produção.
Com esses objetivos, para orientar os produtores a alcançar o potencial máximo produtivo em suas lavouras, a Embrapa Café, na coordenação do Consórcio Pesquisa Café, está lançando sua décima quarta publicação, da série Embrapa Documentos, intitulada “Estado nutricional dos solos e cafeeiros da região das Matas de Minas”.
Tal publicação da série Documentos Embrapa está disponível na íntegra de forma gratuita, a qual foi elaborada pelos seguintes pesquisadores: Williams Pinto Marques Ferreira (Embrapa Café), Adriene Woods Pedrosa (Universidade Federal de Viçosa – UFV), Marcelo de Freitas Ribeiro (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig), Edgard Augusto de Toledo Picoli (UFV), Andre May (Embrapa Meio Ambiente) e Sérgio Maurício Lopes Donzeles (Epamig).
Finalmente, convém reforçar que as análises químicas do solo e da planta são fundamentais para o correto manejo nutricional da lavoura, pois as deficiências nutricionais, bem como os excessos (toxidez), geralmente ocorrem gradativamente e são consideradas de difícil percepção para o cafeicultor. Há que se destacar ainda que essa publicação é fruto de ampla pesquisa com o propósito de oferecer informações corretas ao produtor sobre a realidade e a importância do estado nutricional dos solos e dos cafeeiros cultivados nas Matas de Minas, que é a segunda região maior produtora de café no Estado.