Café tem dia de baixas em NY; No BR mesmo com físico pagando mais, mercado segue travado
O mercado futuro do café arábica continua vivendo dias de intensa volatilidade e apesar de abrir o pregão desta quarta-feira (9) com altas técnicas, o dia finalizou com queda após encerrar ontem com alta acima de 800 pontos no mercado futuro. No Brasil, apesar do físico pagar melhor, o mercado continua travado e o produtor vendendo "da mão pra boca", conforme precisa fazer caixa.
Maio/22 teve queda de 360 pontos, negociado por 229,30 cents/lbp, julho/22 registrou baixa de 345 pontos, cotado por 228,25 cents/lbp, setembro/22 teve baixa de 340 pontos, negociado por 226,70 cents/lbp e dezembro/22 registrou queda de 350 pontos, valendo 2214,15 cents/lbp.
O trader Claudio Castello Branco explica que o mercado de café passa por um momento de bastante volatilidade com a guerra entre Rússia e Ucrânia. O mercado que subiu bastante no último ano apesar da Covid-19 viu desde o início da guerra os preços recuaram quase três mil pontos em Nova York.
Ele explica que antes dos impasses políticos, o setor cafeeiro operava com base na quebra de produção de café do Brasil e demanda mais aquecida com a retomada da economia global com o avanço da vacinação em importantes países consumidores da bebida.
A Rússia e Ucrânia juntos correspondem ao consumo de 6 milhões de sacas de café por ano. "As coisas se normalizaram de certa forma com a pandemia, até que a guerra chegou. Café é alimento de segunda necessidade. Além da possível queda no consumo ao mesmo tempo o mercado passou a observar uma melhora na produção do Brasil", comenta.
Nos últimos dias, no entanto, além da guerra que por si só traz bastante preocupação, as chuvas retornaram em áreas de produção no Brasil, aliviando o estresse hídrico e o mercado passou a entender que a quebra existe sim, mas com uma produção que deve ficar em torno de 55,7 milhões de sacas, segundo dados oficiais do primeiro levantamento da Conab.
A movimentação desta quarta-feira, segundo Claudio pode ser considerada um ajuste técnico após o avanço no último pregão. A tendência, até que as coisas melhorem no Leste Europeu, é da continuidade da volatilidade no mercado. "Enquanto existir essa situação de instabilidade, infelizmente o mercado de café vai continuar instável também. É muito difícil prever o que vai acontecer, e a orientação é para o produtor esperar para novas travas", comenta.
Já com relação ao mercado físico, o trader explica que apesar de preços mais atrativos, as negociações seguem travadas, sem pouco negócios e com o produtor esperando a resolução das mais variadas incertezas que rondam o mercado cafeeiro neste momento. "Não se consegue comprar grande oferta. O mercado segue muito travado, não tem nada saindo. Momento bem crítico, e é estrutural, mas não pelo café, mas sim pelos fatores externos", comenta.
Nesta quarta-feira (9), o mercado no Brasil acompanhou e também teve um dia de ajustes nos preços nas principais praças de comercialização do país.
O tipo 6 bebida dura bica corrida teve queda de 2,19% em Guaxupé/MG, negociado por R$ 1.340,00, Poços de Caldas/MG teve queda de 1,48%, valendo R$ 1.330,00, Campos Gerais/MG teve queda de 2,17%, valendo R$ 1.353,00, Franca/SP registrou queda de 0,74%, negociado por R$ 1.350,00 e Patrocínio/MG manteve a estabilidade por R$ 1.375,00.
O tipo cereja descascado teve queda de 2,08% em Guaxupé/MG, negociado por R$ 1.410,00, Poços de Caldas/MG teve baixa de 1,43%, valendo R$ 1.380,00, Campos Gerais/MG registrou queda de 2,08%, cotado por R$ 1.413,00. Patrocínio/MG manteve a estabilidade por R$ 1.435,00 e Varginha/MG manteve por R$ 1.430,00.