Itaú BBA mantém cenário de alta no café e destaca preocupação com custo de produção, logística e La Niña
O mercado de café seguirá pautado pelas condições climáticas nos principais países produtores e também pelos gargalos logísticos que parecem longe do fim, e podem seguir impactando os embarques de todo setor produtivo. Apesar do cenário de preços firmes, o alto custo de produção segue preocupando o setor cafeeiro no Brasil. As informações foram divulgadas pela análise do Itaú BBA na manhã desta quinta-feira (11).
Entre os principais fundamentos, a consultoria destacou que o retorno de um La Niña pode trazer problemas que vão além do Brasil. "Com o ano safra cafeeiro tendo começado em outubro na Colômbia, o mercado deve seguir atento ao desenvolvimento do clima na região já que a La Niña normalmente está associada a muita chuva no país, sobretudo em meio à perspectiva de balanço apertado de arábicas", afirma.
A preocupação com excesso de chuva também é válida para o Vietnã, maior produtor de café tipo conilon do mundo. A colheita deve ganhar força no país nas próximas semanas, e os acumulados expressivos podem atrapalhar os trabalhos no campo.
Já no Brasil, após um longo período de seca, a preocupação se volta para os custos de produção. "Principalmente a parte de fertilizantes que segue em elevação. Somente nos últimos trinta dias as altas foram de 6% no potássio, 12% no MAP e 35% na uréia, em dólares", acrescenta o Itaú.
Os gargalos logísticos, que deram suporte aos preços nos últimos meses e preocupam todo o setor é outro destaque da análise. O relatório destaque que com a safra menor colhida neste ano, além da dificuldade em encontrar contêineres e nomear navios, as exportações caíram 20% nos primeiros três meses do ano safra 2021/22, segundo os números do Cecafé. Somente em setembro, último dado do Cecafé,m com 3,112 milhões de sacas, a queda foi de 26,5% sobre set/20. Para outubro, a Secex indicou queda de 16% no total de café verde exportado frente a out/20.
"Seguimos acreditando que o cenário é de bons preços, não necessariamente em
contínua elevação sem que ocorram novas perdas de produção", diz. A consultoria alerta, no entanto, que os custos elevados sendo formadfos para o ciclo 2022/23 e a bebida hoje valorizada para entrega no ano que vem, é importante que o produtor prote ja as margens, o que, segundo o Itaú, hoje é viável deixando um resultado satisfatório.
"Acreditamos que safra brasileira 2022/23 pode ficar entre 60 e 64 milhões de sacas,
sendo 22 milhões de sacas de café conilon e 38 a 42 milhões de sacas de arábica, o que significa, tudo mais constante, um leve alívio no balanço global em relação a 2021/22", finaliza o relatório.