Primeira florada da safra 22 de café abre na principal área de produção de arábica, mas continuidade das chuvas preocupa produtor

Publicado em 21/09/2021 14:05 e atualizado em 21/09/2021 16:43

As chuvas dos últimos meses têm ficado abaixo da média na região Central do Brasil, mas as baixas precipitações das últimas semanas foram suficientes para induzir a primeira florada da safra 22 de café na maior região produtora de arábica do Brasil. A safra de 2022, que antes era esperada com uma super produção, começa com vários problemas climáticos e incerteza em relação ao tamanho da produção. 

De acordo com relatos enviados ao Notícias Agrícolas, a primeira florada foi registrada no sul mineiro e também na Zona da Mata de Minas Gerais. A florada da nova safra renova as esperanças no campo, mas após um ano com muita irregularidade climática, o cenário ainda é de apreensão e atenção em todo o setor.

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Adriano Rabelo, coordenador do Departamento Técnico e engenheiro agrônomo da Minasul, em algumas áreas do Sul de Minas Gerais, a florada é considerada positiva apenas em algumas áreas de atuação da cooperativa, como na região de Bom Sucesso que registrou chuvas de 30mm há 10 dias.

Já na cidade de Varginha/MG, por exemplo, a chuva aconteceu de forma muito irregular e a florada ficou fora do ideal. O especialista explica ainda que normalmente são registradas três floradas no início da safra, mas alerta que a possibilidade de baixo volume de chuva daqui pra pra frente aumenta as preocupações. 

Veja fotos registradas na área de atuação da Minasul: 

Em São Pedro da União/MG, a florada também abriu após uma chuva de 15mm, depois de 165 dias de seca. O produtor de café Fernando Barbosa relata que a florada abriu apenas nas lavouras que não tiveram produção neste ano. "A situação é complicada. O reservatório de água está com nível baixo, já temos apagão em algumas cidades", comenta. 

Para a safra do ano que vem, Fernando acrescenta que 40% da área, que não produziu este ano, já está pronta para começar a produzir, mas também ressalta que falta de chuva preocupa muito na região. "Esse tempo muito quente já preocupa para saber se a florada irá vingar sem água suficiente no solo. Somente as lavouras que estão descansadas, esqueletadas devido à seca, tiveram a florada", comenta. 

Veja fotos registradas em São Pedro da União/MG: 

No município de Fervedouro, na Zona da Mata de Minas, a condição é a mesma. A chuva irregular induziu a florada, mas o tempo muito seco e as altas temperaturas tiram o sono do produtor.  Segundo Bruna Carolina da Silva, produtora de cafés especiais, "os cafés estão sofrendo com a crise hídrica, está caindo muita folha e murchando os pés de café. Estamos esperando para ver se vai vingar a florada do dia 12", comenta. 

De acordo com Bruna, para levar alívio ao parque cafeeiro, é necessário que chova, pelo menos, 100 milímetros ainda neste mês. "O que também foi observado é que abriu essa primeira florada e vai dar outra, então o café vai desigual no ano que vem", acrescenta. 

É importante lembrar que a irregularidade da florada foi um fator determinante de baixa para a produção de 2021 de café arábica. Com baixo volume de chuva e temperaturas elevadas, a Conab aponta em uma redução de 25% em comparação com o ciclo anterior, segundo dados divulgados nesta terça-feira (21). + Conab: Novo levantamento da safra de café nacional estima produção de quase 47 milhões de sacas


Veja fotos registradas em Fervedouro/MG:

Pedro Araújo, Diretor de Produção e Comercialização da Coocafé - cooperativa em atuação na Zona da Mata, explica que caso não chova nos próximos 15 dias, a situação para o ano que já começa a ficar ainda mais complicada.

Em relação à florada, Pedro explica que também abriu de forma pontual, mas ressalta que as chuvas não vieram, além de trazer problemas para esses produtores, pelo segundo ano consecutivo, deve afetar a produção da região. Em 2021, a cooperativa afirma que houve quebra de 60% na produção. 

De janeiro até setembro choveu apenas 50% do esperado para a Zona da Mata. "No momento, o déficit hídrico é de mais de 100mm, está muito quente, as lavouras perdendo muito folha. Se chover, a situação melhora, mas precisa ser no máximo dentro de 15 dias e de pelo menos uns 40mm, além disso, precisa continuar chovendo", finaliza. 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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