Café: NY sobe mais de 4% na semana apoiado no clima e estoques reduzidos nos EUA

Publicado em 16/07/2021 17:14 e atualizado em 16/07/2021 17:47
No Brasil, mercado físico também sobe, mas produtor segue cauteloso na hora de fechar negócio

O mercado futuro do café arábica encerrou a semana com valorização para os principais contratos na Bolsa de Nova York (ICE Future US). Com a valorização dos últimos dois dias, a semana chega ao fim acima de 160 cents/lbp. "Os preços do café na sexta-feira se estabilizaram fortemente, com o arábica em uma alta de 2 semanas e o robusta em uma nova alta de contrato", destacou a análise do site internacional. 

Setembro/21 teve alta de 430 pontos, valendo 161,35 cents/lbp, dezembro/21 teve alta de 420 pontos, negociado por 1640,10 cents/lbp, março/22 registrou alta de 400 pontos, negociado por 166,35 cents/lbp e maio/22 teve alta de 385 pontos, valendo 167,35 cents/lbp. 

No acumulado semanal, o contrato com vencimento em setembro/21, principal referência no mercado, avançou 4,77%. Na segunda-feira, o valor final de negociação foi de 154 cents/lbp. 

Desde ontem, o mercado acompanha as previsões do tempo para o parque cafeeiro no Brasil. Segundo as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma nova massa de ar frio pode atingir a região cafeeira, com risco de geada, no início da próxima semana. O frio mais intenso deve ser observado no Paraná, mas São Paulo e Minas Gerais também estão na rota da massa de ar frio, deixando o setor em alerta. 

"A falta de chuvas no Brasil é outro fator de alta para os preços do café depois que a Somar Meteorologia informou na segunda-feira que não houve chuvas na semana passada no estado brasileiro de Minas Gerais, a maior região produtora de arábica do país", complementa a análise internacional. 

Outro fator de alta para os preços nesta sexta-feira (16) é a redução nos estoques de café verde nos Estados Unidos. O volume de café verde estocado nos portos dos Estados Unidos até o fim de junho recuou 35.678 sacas, para 5,78 milhões de sacas de 60 quilos, próximo à mínima desde 2015. 

De acordo com analistas ouvidos pelo Notícias Agrícolas nesta semana, o cenário para os preços continua sendo de fundamentos de alta, mas que a volatilidade deve ser mantida, considerando os fatores inverno no Brasil, quebra na oferta e também no câmbio. A recomendação neste momento para o produtor, segundo Haroldo Bonfá, é cautela para novas travas, já que o volume de chuva permaneceu muito abaixo do ideal e especialistas já começam a considerar impactos na produção também de 2022, que na teoria voltaria a ser de ciclo alto para o Brasil. 

Na Bolsa de Londres, o café tipo conilon também encerrou a semana com valorização. Setembro/21 teve alta de US$ 11 por tonelada, valendo US$ 1767, novembro/21 teve alta de US$ 6 por tonelada, negociado por US$ 1756, janeiro/22 teve alta de US$ 2 por tonelada, valendo US$ 1736 e março/22 registrou alta de US$ 1 por tonelada, valendo US$ 1718.

No acumulado semanal, o contrato com vencimento em setembro/21 avançou 1,32%. Além dos fundamentos focados no Brasil, o setor também acompanha os impasses na logística do Vietnã - maior produtor do grão. Com a alta no frete marítimo, o país tem entregado menos café ao mercado, o que vem sustentando os preços na última semana. 

"A escassez de contêineres na Ásia limitou as exportações de café robusta do Vietnã. O Escritório Geral de Estatísticas do Vietnã informou na terça-feira passada que as exportações acumuladas de café do Vietnã de janeiro a junho caíram -10,3% ", complementa a análise do Barchart. 

Mercado Interno 

No Brasil, o mercado físico acompanhou o exterior e também finaliza semana com valorização. Apesar das altas, o analista Eduardo Carvalhaes comenta que o produtor segue cauteloso, aguardando por novos patamares de preços.

O tipo 6 bebida dura bica corrida teve alta de 2,62% em Guaxupé/MG, negociado por R$ 900,00, Poços de Caldas/MG registrou alta de 2,25%, valendo R$ 865,00, Patrocínio/MG teve alta de 1,14%, valendo R$ 890,00, Araguarí/MG teve valorização de 1,18%, valendo R$ 860,00, Varginha/MG teve valorização de 2,23%, cotado por R$ 917,00 e Franca/SP teve alta de 2,27%, valendo R$ 900,00.

O tipo cereja descascado teve alta de 2,15% em Guaxupé/MG, negociado por R$ 950,00, Poços de Caldas/MG teve alta de 2,17%, valendo R$ 895,00, Patrocínio/MG registrou valorização de 0,55%, valendo R$ 920,00 e Varginha/MG teve alta de 2,14%, valendo R$ 955,00.

"A gente precisa sempre considerar que o produtor é quem está ali colhendo o café, vendo o que está acontecendo, vendo que os ramos das plantas para o ano que vem não estão dentro do ideal, ele sabe o que está de fato acontecendo. Claro que em dias como hoje saem negócios, mas muitos ainda aguardam  novos patamares de preço, principalmente porque temos essas previsões de frio", comenta. 

Estoques apertados

O especialista destaca ainda que "apesar do Brasil ter uma safra recorde, ontem quando anunciaram os estoques de café verde nos EUA, o estoque caiu. quer dizer que nós exportamos, batemos recordes e mesmo assim os estoques caiu. Uma parte pode ser aumento de consumo, mas também o que pode ser é que os outros exportadores de café têm exportado menos. Esse é o problema das irregularidades climáticas, que não afeta só o Brasil", acrescenta.  

Acrescenta ainda que nesta época do ano, normalmente os estoques dos Estados Unidos estão recompondo, se preparando para o inverno quando o consumo tende a ser maior no Hemisfério Norte. "Isso é indício que a situação é muito justa, não se consegue formar mais grandes estoques", finaliza. O mercado deve continuar, nos próximos dias, acompanhando as condições do clima no Brasil, estoques e câmbio. 

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Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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