Operação 'Expresso' contra sonegação no setor de café estima fraudes de mais de R$ 1 bi

Publicado em 16/03/2021 13:40

Uma força-tarefa da Polícia Civil, Ministério Público, Receita Federal e órgãos estaduais está na rua nesta terça-feira para cumprir mandados de busca e apreensão e de prisões para combater o que é considerado um esquema de fraudes e sonegação de impostos na indústria brasileira de café que somam mais de 1 bilhão de reais.

Na operação denominada "Expresso" que atinge o maior produtor e exportador global de café, 35 mandados de prisão temporária, 124 mandados de busca e apreensão e 61 mandados de sequestro de bens estão sendo cumpridos, disse o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em comunicado.

Resultado de investigações iniciadas há mais de dois anos pela Polícia Civil do Paraná e de trabalhos anteriores das Receitas Federal e de Minas Gerais, a operação tem como objetivo desmantelar um chamado "esquema de sonegação" de impostos e creditação indevida de ICMS na compra e venda de café em grão verde decorrente de comercializações interestaduais.

Conforme apurado, a fraude envolveria ainda crimes como falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

As empresas alvos da operação estão localizadas em 39 municípios de quatro Estados: Belo Horizonte, Aimorés, Andradas, Borda da Mata, Divino, Itamogi, Itueta, Manhuaçu, Matozinhos, Miraí, Muriaé, Ouro Fino, Patrocínio, Poços de Caldas, São Sebastião do Paraíso e Varginha, em Minas Gerais; Londrina, Carlópolis, Cornélio Procópio, Ibaiti, Jandaia do Sul, Mandaguari, Maringá, Matinhos, Pérola, Rolândia e Santo Antônio da Platina, no Paraná; São Paulo, Espírito Santo do Pinhal, Hortolândia, Itatiba, Itu, Leme, Santo Antônio do Jardim, São Bernardo do Campo e Santos, em São Paulo; Vitória, Colatina e Vila Velha, no Espírito Santo.

"Levantamentos iniciais apontam que os valores devidos aos cofres públicos podem ultrapassar 1 bilhão de reais em impostos", afirmou o MPMG.

Entre os investigados de envolvimento na fraude estão grandes atacadistas e corretores de café em grãos do Paraná, além de transportadores, proprietários e representantes de torrefações paranaenses conhecidas no ramo cafeeiro nacional.

Conforme as investigações, a mercadoria era oriunda de Minas Gerais e do Espírito Santo, comercializada por cooperativas e produtores rurais desses Estados, sendo as notas fiscais destinadas a empresas de fachada, as chamadas “noteiras”, também localizadas em Minas Gerais e no Espírito Santo.

As operações envolvendo empresas dos dois Estados possibilitavam o não recolhimento do ICMS sobre as notas fiscais falsas.

Paralelamente, segundo apurado, outra empresa “noteira”, situada em São Paulo, emitia notas fiscais falsas destinadas a atacadistas e torrefações do Paraná.

Somados os valores, as “noteiras” de Minas Gerais e de São Paulo emitiram cerca de 6 bilhões de reais em suas operações, de acordo com informação do Ministério Público.

Segundo a investigação, houve também sonegação do Imposto de Renda de Pessoa Física dos produtores rurais que venderam o café sem nota fiscal. Segundo a Receita Federal, o valor é superior a 200 milhões de reais.

Procurados, representantes de produtores não tinham comentários imediatos sobre o assunto.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Café: Safra é mais rápida, mas rendimento no Brasil preocupa e cotações avançam
Sebrae Minas, Senai e Expocacer assinam parceria que beneficiará cafeicultores do Cerrado Mineiro
Confirmando volatilidade esperada, bolsas voltam a subir e arábica avança para 240 cents/lbp
Região do Cerrado Mineiro lança campanha inédita para proteger origem autêntica de seu café
Com safra andando bem no Brasil, café abre semana com estabilidade
Café tem semana de ajustes nos preços e pressão da safra brasileira derrubando preços