Conilon: Momento é favorável à exportação e café brasileiro está mais competitivo no mercado
Somente em abril de 2020 o Brasil exportou 313 mil sacas de 60 quilos do café tipo Conilon, a expectativa é que as exportações brasileiras continuem em alta e de acordo com o analista de mercado Fernando Maximiliano, da INTL FC Stone, o momento é favorável para as exportações, tanto pela alta do dólar, mas principalmente porque o café Conilon produzido no Brasil está mais competitivo no mercado.
A produção brasileira está entre as três principais fornecedoras de café Conilon do mundo, ficando atrás da Indonésia (segundo maior exportador) e pelo Vietnã. Os concorrentes de produção passam por momentos mais delicados, o que também contribui para aumentar a procura pelo Brasil. Segundo Maximiliano, o Vietnã está em um momento de entressafara, ou seja, com pouca oferta no mercado e no caso da Indonésia, a colheita está em pleno acontecimento, mas o país enfrenta problemas climáticos e as recorrentes chuvas atrapalham esse trabalho.
Além das questões pontuais, Fernando destaca que o momento é favorável para as exportações muito pela forte oferta com a entrada da nova safra. A expectativa da FC Stone é que o Brasil tenha uma produção de cerca de 18 milhões de sacas na safra 2020/21. Maximiliano explica ainda que o diferencial de base, ou seja, a diferença de preço entre a praça produtora e a Bolsa de Londres, é o que tem tornado os preços do Brasil mais atrativos.
Neste momento o café brasileiro é o que está mais em conta para grandes compradores como a Europa, por exemplo. "Para quem está comprando em dólares, pagar o real é mais barato para quem está na Europa do que comprar do Vietnã ou da Indonésia e a gente já viu esses reflexos nas exportações. Em abril aumentou muito, esse mês a gente ainda espera os dados do Cecafé, mas a expectativa é que as exportações continuem fortes para o Conilon", comenta.
Os números chamam atenção do mercado, porque segundo o analista, esse é um cenário diferente do que o produtor brasileiro encontrou nos últimos anos. Ele destaca que é importante lembrar que além de produtor, o Brasil também é um grande consumidor e briga com países como o Estados Unidos quando o assunto é consumo.
"O café arábica tem uma produção muito grande e essa produção atende a demanda nacional e interncional. Já a produção do café conilon é um pouco menor e em 2016 quando tivemos a seca, que abalou a oferta do Conilon, a indústria precisou desse café e o mercado interno teve que pagar um preço para o café ficar dentro do mercado nacional", explica o analista. O cenário agora também é diferente, tendo em vista que caso se confirme as previsões, o Brasil terá café suficiente tanto para consumo interno, como para exportação.
Com base no fechamento da sexta-feira (29), Fernando destaca que agora é o Vietnã quem está pagando para o café permanecer no mercado interno do país. Os números mostram ainda que atualmente o café vietnamita está cerca 170,00 dólares por tonelada acima da cotação feita na Bolsa de Londres.
Já os preços da Indonésia quase não apresentam diferença e no caso do Brasil, o preço está 99 dólares por tonelada mais barato do que a referência da Bolsa. "Essa diferença já estreitou com a queda do dólar, esse ambiente agora é favorável, mas se o dólar cair muito a situação muda. Por isso que as exportações estão fortes e a gente espera que continue nesse nível", afirma.
Segundo a FC Stone, a colheita nas principais regiões produtoras do país acontecem sem maiores problemas e o analista acredita que os números de produção podem chegar bem próximo ao estimado pela consultoria. "De uma visão gerão do Conilon a gente não está vendo problemas com a colheita e você vê que o sentimento do mercado é de uma boa safra", afirma o especialista.
Se falando em preços no mercado físico, o café tipo Conilon, neste momento, apresenta uma alta de 16% acima da média histórica dos últimos dez anos. Segundo Fernando, em 2010 a saca era comercializada por R$ 296,00 e na última semana os negócios foram fechados por R$ 345,00, com base nos indicadores do Cepea. "O preço ainda está em um patamar legal para o produtor, então ele está vendendo e ainda tem o fato do café do Brasil estar mais barato", finaliza.