Café: Dólar e ajustes favorecem altas expressivas em na Bolsa de NY nesta 2ª feira
As cotações futuras do café arábica encerraram a sessão desta segunda-feira (24) com alta de mais de 200 pontos na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). O mercado repercutiu a desvalorização do dólar ante o real e se ajustou ante as quedas recentes com a meteorologia no Brasil.
O vencimento julho/19 encerrou o dia com alta de 220 pontos, a 102,00 cents/lb, o setembro/19 anotou 103,00 cents/lb com ganhos de 235 pontos. O contrato dezembro/19 avançou 225 pontos, a 106,50 cents/lb e o março/20 teve 110,10 cents/lb e 230 pontos positivos.
Depois de cair forte nos últimos dias acompanhando a previsão de tempo mais seco no Brasil, maior produtor e exportador do mundo, nos próximos dias, o que favoreceria o avanço da colheita e qualidade, os futuros do arábica passaram a se ajustar nesta segunda-feira.
"Sem alguma novidade climática ou um fortalecimento grande do Real talvez vejamos o contrato “C” oscilar entre US$ 90 e US$ 110 centavos por libra por bastante tempo", destacou em relatório no final de semana Rodrigo Costa, analista de mercado e diretor da Comexim, nos Estados Unidos.
O referencial de colheita mais recente no Brasil é da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé). A cooperativa reportou que dentre seus cooperados os trabalhos chegaram a 33,8% até o dia 14 de junho, com um adiantamento ante os anos anteriores.
Além de ajustes ante os fundamentos, as oscilações do dólar ante o real também contribuíram para as altas no terminal externo. A moeda encerrou o dia com queda de 0,61%, cotada a R$ 3,826 na venda, acompanhando em maior parte a cena política interna. A moeda mais baixa desencoraja exportações.
"Um real mais forte desencoraja a venda para exportação pelos produtores de café do Brasil", destacou o site internacional Barchart. A divisa assimilou durante o dia as discussões sobre a reforma da Previdência na comissão especial e, no exterior, a expectativa com o a cúpula do G20.
"(Dólar) oscilando sem grandes alterações até que tenha notícia nova tanto lá fora quanto aqui. Aqui o mais relevante vai ser na terça-feira, com a retomada dos trabalhos na comissão especial", disse para a agência de notícias Reuters Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.
Ainda de acordo com o site internacional, operadores externos também assimilam a divulgação da última sexta-feira (21) de queda nos estoques de café monitorados pela ICE para mínimas de mais de oito meses, totalizando 2,377 milhões de sacas de 60 kg.
Mercado interno
Acompanhando as quedas externas, os preços do café arábica voltaram a cair nas praças de comercialização nos últimos dias. No entanto, nesta segunda-feira, com o avanço expressivo na ICE, alguns tipos registraram picos de alta.
O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP) destacou que o início deste mês de junho tem sido de agentes afastados e liquidez reduzida. As quedas externas em Nova York e o dólar sem compensar as baixas têm contribuído.
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Patrocínio ((MG) com saca a R$ 450,00 e alta de 5,88%. Foi a maior no dia dentre as praças.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 425,00 e valorização de 3,66%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 420,00 e alta de 3,70%. Foi a maior no dia dentre as praças.
Na sexta-feira (21), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 402,12 e alta de 1,18%.