Café: Futuros despencam mais de 600 pts em NY nesta 4ª e julho/19 fica abaixo de US$ 1/lb
As cotações futuras do café arábica caíram mais de 600 pontos na sessão desta quarta-feira (05) na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). O mercado registrou ajustes técnicos depois de avanços seguidos nos últimos dias, mas também seguiu o câmbio.
O vencimento julho/19 teve queda de 655 pontos, a 99,10 cents/lb e o setembro/19 recuou 645 pontos, a 101,75 cents/lb. O dezembro/19 fechou o dia com perdas de 635 pontos e 105,40 cents/lb e o março/20 registrou 108,95 cents/lb e 625 pontos negativos.
Depois de testar máxima de quatro meses em US$ 1,0615 por libra-peso na terça-feira (04), acompanhando o câmbio e informações da colheita no Brasil, os futuros do arábica na ICE despencaram nesta quarta-feira, em movimento de ajustes depois das altas recentes.
"Os preços do café se desvalorizaram nesta quarta-feira devido à extensa previsão da Somar Meteorologia de temperaturas mais altas, o que reduziria os riscos de geadas na próxima semana para as regiões brasileiras de café arábica", destacou o Barchart.
De acordo com levantamento divulgado na semana passada pela consultoria Safras & Mercado, a colheita de café do Brasil atingia 22% até o dia 28 de maio. Apesar das chuvas recentes, que atrapalham a qualidade, os trabalhos estão mais avançados.
"A colheita Brasil está lenta. Os relatórios indicam que os rendimentos não são tão grandes e que a qualidade da safra é baixa devido a condições meteorológicas extremas durante o início do desenvolvimento", disse o vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.
Outro fator de pressão foi a divulgação da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério da Economia, que apontou que as exportações de café do Brasil em maio saltaram 123,3% ante o mesmo período do ano passado, totalizando 3,157 milhões de sacas de 60 kg.
Além dos fundamentos, o câmbio também contribuiu para as perdas na sessão desta quarta. Às 17h, o dólar comercial subia 0,96%, a R$ 3,894 na venda, acompanhando o exterior. A moeda estrangeira mais valorizada tende a encorajar as exportações, mas pesa sobre os preços.
"O ambiente lá fora nesse momento precifica a queda de juros (nos EUA) e aqui internamente o bom momento que o país está passando no sentido de bom encaminhamento da reforma da Previdência são gatilhos para desmonte de posições defensivas que foram montadas no passado", disse para a Reuters o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Mercado interno
As recentes altas externas favoreceram picos de alta em alguns tipos de café no mercado brasileiro, o que fez melhorar o ritmo de negócios nos últimos dias. Além disso, a desvalorização do dólar frente ao real também contribuiu para os avanços.
"Com a valorização do arábica, compradores e vendedores voltaram ao mercado, elevando fortemente a liquidez interna", disse o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
O café tipo cereja descascado registrou maior valor em Guaxupé (MG) com saca a R$ 448,00 e queda de 3,24%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Varginha (MG) com saca a R$ 420,00 e queda de 1,18%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Franca (SP) com queda de 5,81% e saca a R$ 405,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com saca a R$ 421,00 e baixa de 3,44%. A maior variação ocorreu em Franca (SP) com queda de 8,24% e saca a R$ 390,00.
Na terça-feira (05), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 427,58 e alta de 1,19%.