Café: Bolsa de Nova York encerra semana com leve queda acumulada e não consegue retomar US$ 1,20/lb
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerrou a semana nesta sexta-feira (23) com leve queda acumulada, pouco mais de 0,50% nos principais vencimentos. O contrato referência, o maio/18, já trabalha bem abaixo do patamar de US$ 1,20 por libra-peso. Sem novidades, pesou bastante sobre as cotações nos últimos dias o câmbio e indicadores técnicos.
No mercado interno, os negócios com café seguem acontecendo lentamente mesmo com a recente reação nos preços de alguns tipos. (Veja mais informações abaixo)
Na sessão desta sexta-feira (23), o vencimento maio/18 registrou 117,20 cents/lb com baixa de 180 pontos e o julho/18 anotou 119,40 cents/lb com recuo de 180 pontos. Já o contrato setembro/18 fechou o dia com 121,70 cents/lb e desvalorização de 170 pontos e o dezembro/18, mais distante, recuou 165 pontos, fechando a 125,15 cents/lb.
Apesar da queda de mais de 150 pontos na sessão de hoje, o mercado do arábica registrou curtas oscilações nos últimos dias e era bastante impactado pelo câmbio e fatores técnicos e gráficos. "O lado fundamental continua sem grandes novidades, o que limita o avanço das cotações e mantém o mercado próximo de seu fundo na bolsa nova-iorquina", disse em coluna o analista da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach.
O analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville, também informou em relatório recente a falta de novidade e direcionamento do mercado. "As tendências apontam um mercado de lado para baixista levando em conta os gráficos". Pelos indicadores técnicos, as cotações têm resistência em 120,05, 125 e 128,80 cents/lb e suportes em 118, 116,90 e 115 cents/lb.
Um dos principais fatores de influência no mercado durante a semana, o câmbio, contribuiu para a queda nas cotações da variedade nesta sexta. O dólar comercial avançou 0,28%, cotado a R$ 3,3192 na venda, com cautela sobre guerra comercial e renovou o maior patamar do ano. O dólar mais alto ante o real tende a encorajar as exportações da commodity, em compensação pressiona os preços externos.
Anilton Machado, analista de mercado da Origem Corretora, em entrevista ao Notícias Agrícolas durante a semana, acrescentou ainda que os compradores de café têm evitado aquisição de grandes volumes à espera da safra brasileira, o que dificulta ainda mais uma reação efetiva das cotações. Os estoques dos Estados Unidos, por exemplo, recuaram 89 mil sacas de 60 kg em fevereiro, totalizando 6,5 milhões de sacas.
O lado fundamental segue sem novidades. "Traders esperam grandes colheitas do Brasil e do Vietnã neste ano e não há nenhuma razão para cobrir posições, de um modo geral. Fala-se em Nova York sobre o bom tempo que está sendo relatado no Brasil", disse Scoville. Mapas da Somar Meteorologia mostram que as chuvas devem diminuir em áreas de arábica nos próximos dias, entre a Mogiana paulista e o Sul de Minas.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), prevê safra entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas neste ano.
Mercado interno
O mercado brasileiro seguiu com negócios isolados durante toda a semana, apesar de alguns tipos reconquistarem melhores patamares no início da semana, segundo informou em relatório o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
Segundo o centro paulista, os atuais patamares do grão estão atrelados às recentes quedas nas cotações externas variedade, que, por sua vez, têm sido pressionados pelas perspectivas de elevada produção global, por fatores técnicos e câmbio.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Lajinha (MG) com queda de 3,41% (-R$ 15,00) e saca cotada a R$ 425,00. A cidade com maior valor de negociação no período foi Poços de Caldas (MG) com saca a R$ 476,00 e queda de 0,42% (-R$ 2,00).
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada na cidade de Varginha (MG) com desvalorização de 1,16% (-R$ 5,00) e saca a R$ 450,00. A praça de Poços de Caldas (MG) teve o maior valor de negociação no período com saca a R$ 466,00 e avanço de 0,43% (+R$ 2,00) no período.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Lajinha (MG) com queda de 4,71% (-R$ 20,00) e saca a R$ 405,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Franca (SP) com saca a R$ 445,00 e valorização de 2,30% (+ R$ 10,00).
Na quinta-feira (22), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 429,91 e alta de 0,64%.