Governo de RO apoia pesquisa sobre micotoxinas do café em Rondônia
O café é um alimento, sendo a bebida mais consumida no mundo. Neste sentido, para sua produção, é preciso ir além da busca por produtividade no campo e a qualidade sensorial – sabor e aroma. Deve haver também a preocupação com a presença de contaminantes nocivos à saúde humana. O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), apoia a continuidade das pesquisas da Embrapa Rondônia em colheita e pós-colheita do café, com foco em análises que demonstrem a relação desta etapa de produção com os níveis de micotoxinas, ou seja, substâncias tóxicas produzidas por fungos, indesejadas para o consumo. “Quando falamos em qualidade do café, pensamos logo no sabor e no aroma, mas há algo muito importante que passa despercebido: a possibilidade de contaminantes nos grãos, como a ocratoxina A, que pode ocorrer, principalmente, nas etapas de secagem e armazenamento”, explica o pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves.
Com esta parceria, será possível custear as análises de 300 amostras coletadas nas principais regiões produtoras do estado. Segundo a secretária da Seagri, Mary Braganhol, além de tornar o café produzido no estado apto a competir pelos mais exigentes mercados do mundo, é preciso ter grãos livres de resíduos e contaminantes, pois se trata de uma questão de saúde pública.
A pesquisa
Este estudo da Embrapa teve início na safra 2013/2014. O objetivo foi conhecer como está a qualidade do café canéfora produzida no País. Foram selecionados os principais estados produtores para esse levantamento, que são Espírito Santo e Rondônia.
Neste trabalho, foram aplicados questionários, coletadas 310 amostras e realizadas análises sensoriais e de micotoxinas nos grãos de café (ocratoxina A). Os resultados indicaram que existem grandes gargalos a serem vencidos no que diz respeito à qualidade de bebida e sua relação com a pós-colheita. Destacando-se a colheita do fruto verde, a demora para o início do processo de secagem, uso de fornos de fogo direto e altas temperaturas, além da falta de estrutura na propriedade para armazenamento adequado da produção. Estes fatores têm efeito direto sobre a qualidade de bebida e a constituição física e química dos grãos.
Dentre os estudos realizados em 2014, mereceram destaque resultados que comprovam a presença de ocratoxina A em 98% das amostras analisadas em Rondônia. Dessas, 12% apresentaram níveis considerados superiores ao aceitável – o limite máximo permitido pela legislação brasileira é de 10 microgramas por quilograma. “Estes resultados são um alerta ao setor produtivo, não só pela importância no que diz respeito à saúde do consumidor, mas também pela possibilidade de se tornar um impedimento à exportação”, ressalta o pesquisador Enrique Alves. Com esse estudo será possível um diagnóstico mais preciso sobre o manejo de pós-colheita no estado, seus gargalos e quais as regiões prioritárias para as ações de controle.
Qualidade do café, a ocratoxina e a saúde do consumidor
Diversos fungos encontram-se associados aos frutos e grãos de café durante todo o ciclo produtivo e podem, sob condições específicas, causar perdas de qualidade, produzindo odores e sabores desagradáveis e, em alguns casos, podem produzir metabólitos tóxicos (micotoxinas), comprometendo a característica de segurança alimentar do produto final. A toxina mais comumente presente no café, embora de maneira geral em pequena quantidade, é a ocratoxina A. Por ser uma substância tóxica à saúde humana, pode afetar a longo prazo, principalmente, órgãos como rins e fígado. Assim é recomendável a atenção e cuidado durante todo o processo produtivo.
A cafeicultura de Rondônia tem sido um bom exemplo de evolução no campo e tem merecido destaque na última década. O estado ganhou muito em produtividade e eficiência com o café, sendo, atualmente um dos três maiores produtores de Coffea canephora do País. Outro destaque foi na qualidade do café produzido em Rondônia, que evoluiu muito e já existem produtores trabalhando com a produção de robustas finos, mas a evolução não para por aí.