Café: Bolsa de Nova York cai mais de 200 pts na sessão desta 2ª feira acompanhando florada no Brasil
Os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) recuaram mais de 200 pontos na sessão desta segunda-feira (16) e já ficaram abaixo do patamar de US$ 1,25 por libra-peso no vencimento dezembro/17, referência para as negociações. O mercado acompanha as chuvas no Brasil e a previsão de precipitações nas próximas semanas no país. Além disso, floradas já são vistas no cinturão brasileiro e isso também pressiona os preços externos do grão.
O contrato dezembro/17 fechou a sessão de hoje cotado a 123,95 cents/lb com queda de 250 pontos, o março/18 registrou 127,85 cents/lb com recuo de 235 pontos. Já o vencimento maio/18 encerrou o dia com 130,20 cents/lb e desvalorização de 240 pontos e o julho/18, mais distante, caiu 235 pontos, fechando a 132,60 cents/lb. Essa queda estende as perdas de quase 2% da semana passada.
As floradas no Brasil já são registradas em quase todas as regiões produtoras. Elas renovaram o otimismo do mercado em relação à safra 2018/19. "Ideias de que a próxima safra do Brasil poderia ser grande, permanecem. As chuvas semanas atrás tem promovido a floração e elas parecem ser muito boas. No entanto, está seco novamente agora e não há previsões reais de um período úmido para a próxima semana ou duas semanas", afirma o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.
Mapas climáticos apontam que o tempo nesta semana deve ser seco nas principais origens produtoras brasileiras. Há chances de chuva fraca apenas entre o Espírito Santo e Zona da Mata. Esse cenário só muda a partir de sexta-feira (20). As chuvas nas últimas semanas pressionaram o mercado na semana passada, com baixas de quase 2%. "Estava seco e o fato de terem recebido alguma chuva aliviou um pouco o medo", disse Robert Bresnahan, presidente da Trilateral.
Uma chuva de granizo no último domingo (15) afetou lavouras de cafeicultores de alguns municípios de Minas Gerais. Em Campos Gerais (MG), por exemplo, 400 produtores foram afetados, segundo o site regional do G1, no Sul de Minas. Boa Esperança (MG), Poço Fundo (MG) e Santana da Vargem (MG) também foram afetadas. Ninguém ficou ferido. O Sindicato dos Produtores Rurais de Campos Gerais (MG) reportou que as chuvas duraram 40 minutos em sua região de abrangência.
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Apesar da queda no mercado, para o analista de mercado e diretor da Comexim nos Estados Unidos, Rodrigo Costa, operadores no terminal externo já tem assimilado uma safra menor em 2018. Apesar de terem floradas, algumas lavouras brasileiras tiveram bastante desfolha porque ficaram meses sem chuvas. Conforme relatos de agrônomos, essa condição fatalmente impactará na produção.
"Parece que o sentimento tem se ajustado para uma percepção de que no máximo a safra do arábica do ano que vem repete a do ano passado. Aqui valem duas observações. A primeira é de que o volume total da produção de 18/19 pode de fato não ficar acima de 60 milhões de sacas, salvo uma surpresa positiva do conilon depois das belíssimas floradas. A segunda é de que a safra do ano passado, dados os estoques de passagem maior do que imaginados, pode ter sido maior e, portanto, sofrer uma revisão para cima", disse em relatório.
Mercado interno
Poucos negócios são registrados nas praças de comercialização do Brasil. Com preços abaixo de R$ 500,00 até nos melhores tipos. A consultoria Safras & Mercado estima que 53% da safra 2017/18 tenha sido vendida até 10 de outubro. Um atraso em relação ao ano anterior, quando 56% da produção já havia sido comercializada. Para o analista da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, as vendas cresceram nos últimos dias com altas no mercado externo, mas os produtores seguem cautelosos.
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com saca a R$ 500,00 – estável. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Guaxupé (MG) com queda de 1,04% e saca a R$ 475,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Varginha (MG) com saca a R$ 465,00 – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Franca (SP) com queda de 2,13% e saca a R$ 460,00.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Varginha (MG) com saca a R$ 460,00 – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Guaxupé (MG) com queda de 1,16% e saca a R$ 425,00.
Na sexta-feira (13), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 444,54 e queda de 0,28%.