Bloomberg: Seca já afeta mais da metade da área de café no Sul de Minas Gerais
As condições climáticas adversas, com seca considerável em algumas regiões do Brasil, já afetam mais de 50% da área de café no Sul de Minas Gerais – maior e mais importante região do cinturão produtivo do país –, de acordo com o agrônomo da Fundação Procafé, André Luiz Alvarenga Garcia. As informações são da agência de notícias Bloomberg.
Com resultado da baixa umidade e altas temperaturas na região, Garcia diz acreditar que mais da metade da área de café da região perdeu seu potencial produtivo para a safra 2018/19. A região da Mogiana, em São Paulo, que é uma importante produtora de cafés especiais também tem sido afetada pela seca. Outras regiões ainda estão suscetíveis a perdas.
O principal efeito da seca nas lavouras brasileiras é a desfolha que, segundo Marcelo Jordão Filho, engenheiro agrônomo da Procafé, é uma proteção natural das plantas pensando em diminuir a evapotranspiração. "Com essa condição, as plantas vão acabar tendo maior dificuldade para o pegamento das floradas e, consequentemente, impactos na produção do próximo ano", disse em entrevista ao Notícias Agrícolas.
"Árvores já afetadas por desfolha não se recuperam mais para a próxima safra. O potencial produtivo já foi afetado, é irreversível", disse Garcia para a Bloomberg. Para ele, se as chuvas não vierem até o fim do mês, a outra metade do Sul de Minas Gerais também entrará em déficit hídrico, o que deve renovar as perdas já existentes.
Repercussão no mercado
Analistas internacionais já acompanhavam mais atentamente essa condição das lavouras brasileiras para a safra 2018/19 e o mercado passou a assimilar essas informações com força mesmo na última sessão, quando subiu mais de 300 pontos na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e os vencimentos mais distantes beliscaram o patamar de US$ 1,40 por libra-peso.
Mapas climáticos dos principais institutos meteorológicos brasileiros apontam que o clima deve continuar quente e seco no cinturão produtivo de café do país. Há somente chances de chuvas fracas no Norte do Espírito Santo e na Bahia, com a umidade que vem do mar. "Precipitações abaixo do normal são esperadas na maior parte do cinturão de café nos próximos seis a dez dias", disse o MDA Information Systems em relatório diário.
"Isso não vai ajudar o café a florescer. A safra recorde que deveríamos ter no próximo ano pode não ser tão grande como pensávamos", complementou o analista de mercado e sócio-gerente da NickJen Capital, em Nova York, Nick Gentile.