Espírito Santo pede que café conilon volte a ter contrato futuro negociado na Bolsa B3
O governo do Espírito Santo, através da Seag/SP (Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo) está em conversas avançadas com executivos da Bolsa B3, antiga BM&FBovespa, para que o café conilon volte a ter contratos futuros negociados na Bolsa brasileira.
O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do país e com a reabertura, uma vez que a variedade já esteve na Bolsa anos atrás, deseja que os produtores tenham isonomia e o mesmo tratamento que outras commodities brasileiras possuem nos mercados futuros, como a soja, milho e café arábica.
"Esse processo foi iniciado pelo governo pensando no produtor, para que eles possam se proteger, por exemplo, das volatilidades do mercado com um mecanismo que é utilizado globalmente com diversos outros produtos", ressalta o gerente de agroecologia e produção vegetal da Seag/ES, Marcus Magalhães, que também é analista de café.
Magalhães afirma ainda que produtores de outros estados, como Rondônia e Sul da Bahia, também se beneficiaram dessa política em caso de sucesso, já que junto com o Espírito Santo são importantes produtores da variedade no Brasil. "Se temos um agro forte, ele tem que ser negociado no Brasil e não em bolsas internacionais", diz o executivo da Seag/ES.
Após as primeiras conversas com a B3 que se iniciaram há cerca de 30 dias, a Seag/ES buscou apoio de importantes entidades de vários elos da cadeia produtiva, como o CNC (Conselho Nacional do Café), CCCV (Centro do Comércio de Café de Vitória) e OCB-ES (Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Espírito Santo).
O presidente da OCB-ES, Esthério Colnago, avaliou que a reabertura aos contratos futuros dará transparência ao mercado do conilon. "Hoje o mercado se baseia na Bolsa de Londres e, com essa reabertura, passará ser na Bolsa de São Paulo. A principal vantagem é a transparência, pois todos saberão o preço e a disponibilidade do café no mercado. O conilon tem produtividade e qualidade, mas falta ainda informação. Com o conhecimento ficará mais fácil a tomada de decisões", avaliou.
O presidente do CCCV (Centro do Comércio de Café de Vitória), Jorge Nicchio, afirmou que a Bolsa é um parâmetro para o cafeicultor negociar seu produto e uma oportunidade para que ele garanta um bom preço. "Sem dúvida o que define a necessidade dessa reabertura é o crescimento da importância do café conilon em nível mundial, nos últimos anos. Somos o segundo país maior produtor de conilon do mundo e também o segundo maior consumidor de café do mundo. O conilon ocupava cerca de 25% do mercado de café em meados de 1980, e a previsão é que até 2020 esse número chegue a 45%, ou seja, ele possui um destaque muito maior do que há 30 anos".