Cafeicultura de Rondônia teve ganhos de 100% de produtividade nos últimos cinco anos
A cafeicultura de Rondônia tem passado por transformações positivas nos últimos cinco anos em decorrência do emprego de novas tecnologias na lavoura, o que tem proporcionado ganhos de produtividade de até 100%. Em 2012, por exemplo, a produção foi de 1,367 milhões de sacas de café beneficiado de 60kg numa área de 125,67 mil hectares e produtividade de 11 sacas/ha. Para 2017, a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab estima que a produção poderá atingir até 2 milhões de sacas numa área de 87,66 mil hectares e, assim, a produtividade será de 22,65 sacas/ha. Dessa forma, em 2017, à semelhança de anos anteriores, Rondônia continuará se destacando como o quinto maior produtor de café do país e o segundo da espécie canéfora (conilon e robusta).
No que concerne especificamente à melhoria da qualidade do café no Estado, vale destacar que os principais cuidados dos produtores também têm sido empregados nas fases de colheita e pós-colheita. São nessas duas etapas que o produtor tem dedicado mais atenção às recomendações técnicas para evitar a depreciação do produto, ressalta o pesquisador da Embrapa Rondônia Enrique Alves. Para exemplificar, ele menciona que um produtor que colhe o café verde, em média, precisa de 21 latões de 18 litros para obter uma saca de café de 60 quilos beneficiada. Entretanto, se o mesmo produtor colher o café com pelo menos 80% dos frutos maduros precisará de apenas 18 latões para produzir a mesma quantidade. Dessa forma, o café colhido fora do ponto ideal demandará mais grãos e, quando processado de maneira indevida, apresentará defeitos que depreciarão a qualidade física e sensorial, com reflexos negativos no preço.
Assim, a Embrapa Rondônia tem atuado no desenvolvimento de pesquisas voltadas para a produção de café com qualidade e agregação de valor, no âmbito do Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa Café. Para tanto, são realizadas seleção de materiais genéticos de qualidade, com maturação homogênea que produzem grãos de maior peneira e bebida de melhor qualidade. Além disso, os processos de colheita mecanizada e semimecanizada reduzem substancialmente o tempo e o custo da colheita, favorecendo a qualidade. Novos sistemas e tecnologias de processamento e secagem natural do café também estão sendo testados, como a Barcaça Seca Café – terreiro secador de cobertura móvel –, e a secagem em campo. No site do Consórcio Pesquisa Café há uma lista de publicações editadas pela Embrapa Rondônia sobre pesquisas de café e portfólio de tecnologias. Para acessar todo o conteúdo, clique aqui.
Em complemento, Enrique Alves elenca e reforça que as boas práticas de colheita e pós-colheita para os cafeicultores do Estado, e de outras regiões, devem ser adotas por aqueles que pretendem produzir café de melhor qualidade. São indicadas as seguintes:
- Fazer o planejamento da colheita verificando instalações, equipamentos, materiais e pessoal necessário;
- Manter as plantas daninhas controladas sob as copas dos cafeeiros, facilitando a colocação dos panos de colheita;
- Programar o início da colheita dos talhões com maturação dos frutos mais precoces, depois colher os médios e tardios;
- Realizar a colheita com pelo menos 80% dos frutos cereja, evitando colher frutos verdes, que produzem defeitos e pesam menos;
- Vistoriar a colheita com vistas a reduzir o arranquio de folhas, quebra de ramos e permanência de frutos na planta;
- Evitar amontoar ou deixar o café secar na lavoura;
- O processo de secagem deve ser iniciado até 24h após a colheita;
- Se o método de secagem for solar, o café deve ser movimentado periodicamente para evitar a fermentação e secar de forma homogênea;
- Observar o uso de temperatura adequada ao utilizar secadores mecânicos, pois a temperatura da massa dos grãos não deve ultrapassar 55°C;
- O processo de secagem deve ser finalizado ao se atingir 12% de umidade dos grãos.