Documento que autoriza importação de robusta está pronto e pedido à Camex deve ser feito ainda nesta semana
Em coletiva de imprensa com jornalistas na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) nesta segunda-feira (6), o ministro da agricultura, Blairo Maggi, afirmou que ele e sua equipe estão convencidos da necessidade de importação de café robusta nesta safra no Brasil, mas que a medida deverá ser feita de forma temporária e em volume específico a ser definido. O documento de autorização, inclusive, já está pronto e o pedido à Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão do Ministério do Desenvolvimento, pode ser feito ainda nesta semana. A agência de notícias internacionais Bloomberg afirma que isso pode ocorrer já nesta terça-feira (7).
"Estou convencido que há escassez de café robusta no Brasil", disse o ministro. "Agora, é preciso olhar um pouco além do interesse do produtor, que tem estoque. Não é possível que a indústria pague um valor muito elevado em relação ao que é normal", acrescentou Maggi.
Ministro da agricultura, Blairo Maggi, participou do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp (Cosag) nesta segunda-feria (6) - Helcio Nagamine/Fiesp
Nesta terça-feira (7), deve haver uma nova reunião do ministro com o setor produtivo para que o assunto seja mais uma vez debatido. O encontro foi um pedido do presidente Michel Temer, que solicitou na semana passada a Maggi "muita calma" ao tratar do assunto. Segundo o ministro, em entrevista à Reuters na última sexta-feira (3), essa é uma decisão que pode criar arestas políticas, por isso o cuidado de Temer com o assunto.
Maggi sempre se mostrou favorável à importação. Se for autorizada a importação, uma reunião extraordinária da Camex deve ser agendada. "A decisão que sairia de lá (Camex) eu não tenho como precisar", admitiu o ministro à Reuters na sexta passada.
Representantes da indústria de café solúvel e torrado e moído pleiteiam a importação de 200 mil sacas mensais desde o fim do ano passado, no período compreendido entre janeiro e maio, volume que seria isento da tarifa de importação. Acima disso, seria aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35%. Os cafés poderiam ser importados de países como o Vietnã e Indonésia.
A Conab estimou os estoques de café robusta em cerca de 2,2 milhões de sacas de 60 kg no Brasil. O volume, segundo o Mapa, é considerado baixo para a manutenção da atividade da indústria brasileira. O Espírito Santo, maior estado produtor do grão, enfrenta consecutivas safras afetadas pela seca.
Já o setor produtivo afirma que existe sim café disponível no país e que as indústrias não precisariam fazer a importação. Os números levantados pelos setores do café conilon apontam um estoque de 500 mil sacas disponíveis na Bahia, 200 mil sacas disponíveis em Rondônia e um pouco mais de 3 milhões de sacas no Espírito Santo.
O governo do Espírito Santo é contrário à importação de café. O estado enfrenta anos consecutivos de seca e o café é responsável por 35% do PIB (Produto Interno Bruto) do estado. Segundo projeções do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Agropecuária) cerca de 130 mil famílias vivem da atividade no estado, sobretudo pequenos produtores de base familiar.