Café: Com suporte do câmbio, Bolsa de Nova York registra alta próxima de 200 pts nesta 2ª

Publicado em 19/12/2016 16:44

Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta segunda-feira (19) com alta próxima de 200 pontos e estenderam os ganhos acumulados de mais de 2% registrados na semana passada. Após os operadores repercutirem a melhora climática no cinturão produtivo do Brasil, os preços externos da variedade passaram a realizar ajustes técnicos e acompanhar o câmbio, que influencia diretamente nas exportações da commodity.

Com esse novo avanço, as cotações externas do arábica já voltaram a testar o patamar de US$ 1,45 por libra-peso. O contrato março/17 fechou a sessão de hoje cotado a 144,25 cents/lb com 180 pontos de avanço, o maio/17 anotou 146,55 cents/lb com 175 pontos de valorização. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia negociado a 148,80 cents/lb com 180 pontos de avanço e o setembro/17, mais distante, teve 185 pontos de alta, cotado a 150,65 cents/lb.

"O dólar ainda é um grande fator que conduz a direção do mercado. Os preços futuros estão buscando maior estabilidade depois de recuarem nas últimas semanas. Segurando os futuros para março/17 acima de 140,00 cents/lb esta semana pode ajudar os gráficos. Os produtores brasileiros estão oferecendo menos e os da América Central não estão oferecendo devido à fraqueza do preço", explicou em relatório o analista de mercado e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.

Nesta segunda-feira, o dólar comercial recuou 0,56%, cotado a R$ 3,3715, repercutindo as informações do exterior e em um dia de baixa liquidez de negócios com a proximidade do final do ano de 2016. Na semana passada, a moeda estrangeira teve alta acumulada de 0,52%. No ano, há queda é de mais de 14%. As oscilações no câmbio impactam diretamente as exportações da commodity.

Em todo o mês de novembro, as exportações de café do Brasil somaram 3,07 milhões de sacas de 60 kg, segundo reportou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) na semana passada. Em comparação com o mesmo período de 2015, houve uma queda de 12,2%, devido à redução dos embarques de café conilon e a impactos sentidos com a greve alfandegária no Porto de Santos, que comprometeu o processamento de certificados de exportação. A receita cambial foi de US$ 547,3 milhões no período.

A OIC (Organização Internacional do Café) reportou em relatório mensal (novembro), divulgado na última sexta-feira (16), que após dois anos seguidos de déficit, a safra 2016/17 de café deve apresentar recuperação, principalmente por conta da variedade arábica. "As perspectivas para o arábica são mais positivas", disse. Já o robusta deve apresentar queda na maioria dos países produtores do grão.

"Atualmente a disponibilidade de café permanece suficiente, com as exportações totais de 112,4 milhões de sacas de 60 kg nos últimos 12 meses", informou a OIC em relatório. No entanto, essa oferta maior do grão no mercado contribuiu para uma pressão nos preços da commodity, tanto rábica como robusta.

» Café: OIC estima recuperação na safra global 2016/17 de arábica; produção de robusta cairá na maioria dos países

Do lado fundamental, ainda pesa sobre os preços externos do café arábica a melhora climática no cinturão produtivo do Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo. Institutos meteorológicos, no entanto, apontavam na semana passada que o clima ficaria mais quente e menos chuvoso nas principais áreas produtoras do grão. Nos últimos dias, algumas regiões receberam acumulados de até 70 milímetros.

Para se ter ideia do otimismo dos operadores com a próxima safra do Brasil, a corretora Marex Spectron divulgou recentemente em relatório que prevê superávit global de 300 mil sacas de 60 kg na temporada 2016/17. "Nós incluímos a liberação de estoques pelo governo brasileiro no balanço, o que deixa um superávit mínimo", disse a Marex à agência de notícias Reuters.

Mercado interno

No mercado físico brasileiro, os negócios com café seguem isolados, segundo reportam analistas de mercado. Nesta semana, com a proximidade das festas de final de ano as transações devem diminuir ainda mais. Colaboradores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) informaram que as negociações da variedade arábica já foram bastante limitadas na semana passada, com produtores aguardando maiores valorizações e uma definição mais clara do mercado.

O café cereja descascado registrou maior valor de negociação no dia em Espírito Santo do Pinhal (SP) com negócios em R$ 570,00 a saca – estável. A maior variação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 2,67% e saca a R$ 547,00.

O tipo 4/5 anotou maior valor em Guaxupé (MG) com 580,00 a saca e alta de 1,22%. A maior variação no dia aconteceu em Franca (SP), que teve alta de 2,83% e fechou o dia com R$ 545,00.

O tipo 6 duro teve maior valor de negociação no dia nas cidades de Patrocínio (MG) (-0,93%) e Média Rio Grande do Sul (estável), com R$ 535,00. A maior oscilação no dia para o tipo ocorreu em Araguari (MG) com avanço de 2% e saca a R$ 510,00.

Na sexta-feira (16), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 492,98 com queda de 0,88%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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