Café: Com suporte do câmbio, Bolsa de Nova York registra alta próxima de 200 pts nesta 2ª
Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta segunda-feira (19) com alta próxima de 200 pontos e estenderam os ganhos acumulados de mais de 2% registrados na semana passada. Após os operadores repercutirem a melhora climática no cinturão produtivo do Brasil, os preços externos da variedade passaram a realizar ajustes técnicos e acompanhar o câmbio, que influencia diretamente nas exportações da commodity.
Com esse novo avanço, as cotações externas do arábica já voltaram a testar o patamar de US$ 1,45 por libra-peso. O contrato março/17 fechou a sessão de hoje cotado a 144,25 cents/lb com 180 pontos de avanço, o maio/17 anotou 146,55 cents/lb com 175 pontos de valorização. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia negociado a 148,80 cents/lb com 180 pontos de avanço e o setembro/17, mais distante, teve 185 pontos de alta, cotado a 150,65 cents/lb.
"O dólar ainda é um grande fator que conduz a direção do mercado. Os preços futuros estão buscando maior estabilidade depois de recuarem nas últimas semanas. Segurando os futuros para março/17 acima de 140,00 cents/lb esta semana pode ajudar os gráficos. Os produtores brasileiros estão oferecendo menos e os da América Central não estão oferecendo devido à fraqueza do preço", explicou em relatório o analista de mercado e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.
Nesta segunda-feira, o dólar comercial recuou 0,56%, cotado a R$ 3,3715, repercutindo as informações do exterior e em um dia de baixa liquidez de negócios com a proximidade do final do ano de 2016. Na semana passada, a moeda estrangeira teve alta acumulada de 0,52%. No ano, há queda é de mais de 14%. As oscilações no câmbio impactam diretamente as exportações da commodity.
Em todo o mês de novembro, as exportações de café do Brasil somaram 3,07 milhões de sacas de 60 kg, segundo reportou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) na semana passada. Em comparação com o mesmo período de 2015, houve uma queda de 12,2%, devido à redução dos embarques de café conilon e a impactos sentidos com a greve alfandegária no Porto de Santos, que comprometeu o processamento de certificados de exportação. A receita cambial foi de US$ 547,3 milhões no período.
A OIC (Organização Internacional do Café) reportou em relatório mensal (novembro), divulgado na última sexta-feira (16), que após dois anos seguidos de déficit, a safra 2016/17 de café deve apresentar recuperação, principalmente por conta da variedade arábica. "As perspectivas para o arábica são mais positivas", disse. Já o robusta deve apresentar queda na maioria dos países produtores do grão.
"Atualmente a disponibilidade de café permanece suficiente, com as exportações totais de 112,4 milhões de sacas de 60 kg nos últimos 12 meses", informou a OIC em relatório. No entanto, essa oferta maior do grão no mercado contribuiu para uma pressão nos preços da commodity, tanto rábica como robusta.
Do lado fundamental, ainda pesa sobre os preços externos do café arábica a melhora climática no cinturão produtivo do Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo. Institutos meteorológicos, no entanto, apontavam na semana passada que o clima ficaria mais quente e menos chuvoso nas principais áreas produtoras do grão. Nos últimos dias, algumas regiões receberam acumulados de até 70 milímetros.
Para se ter ideia do otimismo dos operadores com a próxima safra do Brasil, a corretora Marex Spectron divulgou recentemente em relatório que prevê superávit global de 300 mil sacas de 60 kg na temporada 2016/17. "Nós incluímos a liberação de estoques pelo governo brasileiro no balanço, o que deixa um superávit mínimo", disse a Marex à agência de notícias Reuters.
Mercado interno
No mercado físico brasileiro, os negócios com café seguem isolados, segundo reportam analistas de mercado. Nesta semana, com a proximidade das festas de final de ano as transações devem diminuir ainda mais. Colaboradores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) informaram que as negociações da variedade arábica já foram bastante limitadas na semana passada, com produtores aguardando maiores valorizações e uma definição mais clara do mercado.
O café cereja descascado registrou maior valor de negociação no dia em Espírito Santo do Pinhal (SP) com negócios em R$ 570,00 a saca – estável. A maior variação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 2,67% e saca a R$ 547,00.
O tipo 4/5 anotou maior valor em Guaxupé (MG) com 580,00 a saca e alta de 1,22%. A maior variação no dia aconteceu em Franca (SP), que teve alta de 2,83% e fechou o dia com R$ 545,00.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação no dia nas cidades de Patrocínio (MG) (-0,93%) e Média Rio Grande do Sul (estável), com R$ 535,00. A maior oscilação no dia para o tipo ocorreu em Araguari (MG) com avanço de 2% e saca a R$ 510,00.
Na sexta-feira (16), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 492,98 com queda de 0,88%.