CNC: Representantes da produção formalizam, junto ao Governo Federal, posicionamento contrário à importação de café
BALANÇO SEMANAL — 12 a 16/12/2016
IMPORTAÇÃO DE CAFÉ — Na terça-feira, 13 de dezembro, o presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), deputado Silas Brasileiro, e o presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, entregaram ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, ofício conjunto que formaliza o posicionamento contrário do setor de produção à importação de café cru pelo Brasil.
O posicionamento foi referendado pelas cooperativas produtoras e pelas Federações de Agricultura dos Estados cafeeiros com base nas informações do deputado federal Evair de Melo, que apresentou o resultado de um trabalho de levantamento de estoques de conilon que realizou no Espírito Santo, entre os dias 14 e 18 de novembro, quando visitou mais de 20 armazéns, cooperativas, indústrias e exportadores. O resultado dessa pesquisa apontou que existe café conilon em quantidade suficiente para atender à demanda da indústria nacional.
Também recordamos ao secretário que os cafeicultores brasileiros produzem sob as mais rígidas legislações ambiental e social do mundo, investem e se capacitam para atender a exigências muito superiores às existentes nos outros países produtores de café, principalmente no quesito de contratação de mão de obra e respeito ao meio ambiente. Por outro lado, as certificadoras internacionais ignoram essa realidade diferenciada e, assim, nossos concorrentes, que não possuem nossas complexas leis ambiental e social, têm seus produtos verificados dentro do conceito de suas legislações, sendo, portanto, competidores do Brasil com custos infinitamente menores. Dessa forma, não entendemos como justo concordar com a importação tendo estoques de café conilon para o abastecimento da indústria.
Por fim, destacamos que, durante as intensas discussões sobre se deveríamos importar ou não café robusta para suprir a indústria nacional, o CNC conduziu com responsabilidade e transparência todo o processo, evitando comentários na imprensa sobre uma matéria tão polêmica. Ao final, prevaleceu a proposta que apresentamos, em audiência, ao secretário Neri Geller, na última terça-feira, para que se faça um levantamento dos estoques de conilon com a intenção de conferir as informações que recebemos de que há café suficiente para o abastecimento do setor industrial. Agradecemos ao ministro Blairo Maggi por ter concordado e determinado a realização desta apuração por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
USINA COCATREL MINASUL — Foi oficializada, nesta semana, através de resultado em Assembleias Gerais Extraordinárias, a parceira entre as nossas associadas Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel) e Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Minasul), que resulta na consolidação da Usina Cocatrel Minasul Ltda (UCOM), uma empresa independente, resultado tangível das ações intercooperativistas desenvolvidas e sustentada por quatro pilares de negócios: armazenagem, rebenefício/industrialização, comércio e exportação de café.
A iniciativa, pioneira no segmento cooperativista, visa ao fortalecimento, no mercado cafeeiro mundial, da Cocatrel e da Minasul, as quais se fazem presentes em 200 municípios do Sul de Minas Gerais – a maior região produtora de café arábica do mundo –, com estimativa de captação, por meio de seus 12 mil cooperados, de 3,2 milhões de sacas de café ao ano.
A UCOM tem capacidade de armazenamento estático de 800 mil sacas e de processamento e rebenefício da ordem de 7.200 sacas/dia. Estruturada com tecnologia de ponta, profissionais altamente qualificados e atuando em conformidade com os padrões de qualidade exigidos pelo mercado internacional, a Usina Cocatrel Minasul se torna um diferencial competitivo na comercialização e na exportação de café de ambas as cooperativas, atendendo, ainda, a outros clientes do setor cafeeiro.
MERCADO — A decisão do Banco Central dos Estados Unidos (FED, em inglês) de elevar o nível dos juros da economia norte-americana limitou a tendência de valorização dos futuros do café ensaiada nos últimos dias. Conforme antecipado pelos agentes de mercado, na quarta-feira (14) a instituição adotou uma política monetária mais restritiva ao elevar os juros dos EUA para a faixa entre 0,5% e 0,75%, contra 0,25% a 0,5% atualmente.
O Banco Centrou norte-americano também sinalizou mais três aumentos das taxas ao longo de 2017, frente à evolução positiva dos indicadores de desempenho da maior economia do mundo e antecipando-se aos impactos das políticas expansionistas anunciadas pelo presidente eleito Donald Trump, que tendem a gerar pressão inflacionária.
A decisão da autoridade norte-americana resultou em valorização no índice do dólar e, consequentemente, em pressão no mercado das commodities, entre elas, o café. No Brasil, o impacto foi de reverter a tendência de apreciação do real observada até terça-feira. Com isso, o câmbio retornou, ontem, ao patamar de fechamento da última sexta-feira, a R$ 3,37.
Na ICE Futures US, o vencimento março do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,422 por libra-peso, com alta de 285 pontos em relação ao fechamento da semana passada. O vencimento março do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, encerrou o pregão de ontem a US$ 2.056 por tonelada, com valorização de US$ 67 em relação à última sexta-feira.
No gráfico abaixo (clique para ampliar), pode-se constatar que, entre as commodities, o mercado futuro do café foi um dos menos afetados pelo movimento de alta do dólar, mesmo com a tendência de redução das posições compradas pelos fundos em Nova York. O cenário apertado de oferta e demanda mundial confere sustentação às cotações.
O mercado doméstico manteve a baixa liquidez de negócios, normal para esta época do ano e reforçada pela retração dos produtores frente aos preços da saca de café aquém das expectativas. Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 497,37/saca e a R$ 491,25/saca, respectivamente, com variações de -0,7% e 0,4%, em relação ao fechamento da semana anterior.