Café: Após oscilar dos dois lados da tabela, Bolsa de Nova York fecha sessão desta 3ª com leve alta
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) oscilaram dos dois lados da tabela nesta terça-feira (13) até quase o fim da sessão. No entanto, em ajustes técnicos, acabaram encerrando o dia com leve alta e estenderam os ganhos registrados na véspera. Ainda assim, o mercado segue repercutindo o otimismo dos operadores com a safra 2017/18 e a os temores cada vez menores com a possibilidade de desabastecimento do grão em 2017. No acumulado da semana passada, por exemplo, o vencimento março/17, referência de mercado, perdeu 4,42%.
Na sessão de hoje, o contrato março/17 fechou com alta de 85 pontos, cotado a 142,85 cents/lb, o maio/17 registrou 145,10 cents/lb com 85 pontos de valorização. Já o vencimento julho/17 anotou 147,30 cents/lb com 85 pontos de alta e o setembro/17, mais distante, terminou o dia a 149,20 cents/lb com 80 pontos de avanço.
Segundo o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado, os preços externos do café realizaram ajustes ontem (12) e a mesma tendência, segundo agência internacionais foi retomada nesta terça. No entanto, essa alta não representa uma reversão de tendência para as cotações. Ele aponta que essa imprevisibilidade se dá porque o mercado "fica muito na mão de especuladores e fundos", já que não se sabe se estes continuarão liquidando suas posições ou se irão retomar as suas carteiras.
Os fundamentos no café não mudaram apesar do ajuste de ontem. Os operadores seguem otimistas com a próxima safra do Brasil diante das melhores condições climáticas no cinturão produtivo do país nos últimos dias. Institutos meteorológicos reportaram que até quinta-feira áreas produtoras do grão podem receber precipitações acumuladas de 70 milímetros. Espírito Santo e Zona da Mata de Minas Gerais serão as principais regiões beneficiadas.
A corretora Marex Spectron divulgou recentemente em relatório que prevê superávit global de 300 mil sacas de 60 kg na temporada 2016/17. "Nós incluímos a liberação de estoques pelo governo brasileiro no balanço, o que deixa um superávit mínimo", disse a Marex à agência de notícias Reuters.
Apesar do otimismo dos operadores, analistas brasileiros acreditam qe o abastecimento no próximo ano corre risco. A agência de notícias Reuters informou ontem (12), com base em informações de analistas e comerciantes que, "apesar de chuvas favoráveis no período de floração, que teve início em setembro, a safra de 2017 deve cair entre 5 e 20% ante a safra deste ano, devido ao ciclo bienal natural das árvores, que alternam entre grandes e pequenas safras".
Para Machado, os números são salutares e dentro do pensamento de mercado. "Se pegarmos uma média, teremos, segundo a pesquisa, uma safra de 47 milhões a 48 milhões de sacas, esse é um número muito apertado para atender a nossa demanda", explica.
Machado lembra ainda que as três últimas semanas de dezembro são vazias para o mercado, afastando os interessados e causando ausência dos vendedores. Por outro lado, a queda em Nova York foi muito mais forte do que a alta do dólar no Brasil, o que não compensou para os preços internos.
Em novembro, as exportações de café brasileiro somaram 3,07 milhões de sacas de 60 kg, segundo reportou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) nesta terça. Em comparação com o mesmo período de 2015, houve uma queda de 12,2%, devido à redução dos embarques de café conilon e a impactos sentidos com a greve alfandegária no Porto de Santos, que comprometeu o processamento de certificados de exportação. A receita cambial foi de US$ 547,3 milhões no período.
Mercado interno
Os negócios com café seguem isolados nas praças de comercialização do Brasil diante da queda nos preços e do câmbio. Os produtores no país demonstram cada vez mais que devem voltar às praças de comercialização apenas em 2017. Para Anilton Machado, os fundamentos continuam positivos para o café e, com as negociações voltando ao normal no início do ano, o mercado pode voltar a subir.
Para o café cereja descascado houve valorização de 1,28% em Poços de Caldas (MG), sendo a saca de 60 quilos negociada a R$ 552,00. Já em Guaxupé (MG), foi registrado recuo de 0,92% no valor da saca, que fecha a R$ 540,00.
Já o tipo 4/5 anotou queda de 1,85% em Franca (SP), com negócios sendo registrados a R$ 530,00 pela saca. Em Varginha (MG), a desvalorização foi de 0,94%, com cotação a R$ 525,00 por saca.
O tipo 6 duro teve a maior queda em Guaxupé (MG), em que saca passou a ser negociada a R$ 495,00 após o recuo de 2,17%. Em Vitória (ES), os preços subiram 0,99% no dia e a saca de 60 quilos tem referência de R$ 510,00.
Na segunda-feira (12), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 497,76 com queda de 0,60%.