Futuros do café arábica flertam com uma tendência de baixa no mercado
Os futuros do café arábica flertaram com um mercado em baixa por conta de alguns fatores como uma forte produção colombiana, além do enfraquecimento do real brasileiro, o que gera uma preocupação a respeito da safra no país.
Para o mês de março, os futuros chegaram a 142,35 centavos de dólar por libra peso na última terça-feira, uma queda de 1,5% ao dia, antes de mostrar uma recuperação nos negócios pela manhã.
No ponto mais baixo da sessão, o contrato caiu mais de 20% em relação ao pico de um mês atrás, sinalizando a possibilidade de um mercado em queda.
No entanto, esta situação deve durar por dois meses para demonstrar uma tendência - ao invés de, apenas, uma correção nos preços.
Fator de moeda
A última queda no mercado ocorreu em decorrência de um declínio do real brasileiro em relação ao dólar, como também ocorreu com muitas outras moedas de países emergentes, devido à eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos.
As políticas de Trump podem provocar um aumento nas taxas dos Estados Unidos, o que poderia fazer com que o capital ficasse longe desses países. Além disso, o cenário políico do Brasil também se encontra ameaçado.
Um real mais fraco reduz o valor em dólares de ativos como o café e o açúcar, dos quais o Brasil é um dos principais players.
Impulso colombiano
As baixas no mercado também foram incentivadas por dados divulgados na segunda-feira (5) pela Fedecafe para a produção de café no mês passado, que foi estimada em 1,65 milhões de sacas - um salto de 25% ano a ano.
Embora o relatório, que também mostrou um aumento nas exportações de 14,6%, para 1,25 milhões de toneladas, foram feitos também ajustes em relação aos números para os meses anteriores, que foram distorcidos por conta de uma greve de caminhoneiros.
A colheita do ano cafeeiro 2016/17 da Colômbina deve exceder 14,5 milhões de sacas. Por sua vez, as exportações podem chegar a 12,5 milhões de sacas.
Fundo desativado
No Rabobank, o analista Carlos Mera destacou o clima excelente na Colômbia e na América Central, o que deverá fazer com que estes países tenham uma boa produção do grão, com promessas promissoras em Honduras.
Enquanto isso, no Brasil, "o clima também foi muito bom", constrastando com os temores iniciais de seca, o que ajudou a alimentar as preocupações de uma safra ruim em 2017 e também o salto dos futuros para 179,55 centavos de dólar já um mês para o arábica em Nova York.
A perspectiva de uma melhor produção e o dólar mais fraco encorajou a venda dos fundos que, desde a primeira semana de novembro, vinham negociando futuros e opções de arábica em Nova York a um recorde de 59.252 contratos. Agora, este número caiu para 43.069 contratos.
Previsão sombria
Mera acrescentou também que as chances pareciam boas para que os futuros do café recuperassem o terreno perdido. No entanto, separadamente, o Commerzbank sinalizou o potencial de recursos para renovar a compra de arábica, uma vez que 2017 deverá ser um ano de safra menor para o Brasil, pois é um ano de ciclo baixo.
O sentimento do fundo, portanto, poderia mudar se houver uma maior atenção para este fato.
Arábica x robusta
As quedas nos preços do arábica também não foram refletidas plenamente nos futuros do café robusta, produção que foi atingida pela seca nos principais países produtores, como Brasil, Vietnã e Indonésia.
O escritório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Hanói cortou sua estimativa para a produção de café do Vietnã em 2016/17 para uma baixa de quattro anos, além das exportações também caírem 4 milhões de sacas de ano para ano.
Os futuros do robusta para março ficaram em US$2.036 a tonelada na terça-feira - uma queda de 0,3% ao dia e queda de menos de 8% em relação ao patamar mais alto de um mês atrás.
Tradução: Izadora Pimenta