Café: Com influência de dólar e chuvas no Brasil, cotações do arábica caem 7% na semana na Bolsa de Nova York
Nesta sexta-feira (02), as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram com leves ganhos nos principais vencimentos, após uma semana de quedas generalizadas. Os preços registraram movimentação na semana com a volatilidade do dólar na semana, além das notícias favoráveis ao abastecimento na próxima temporada, fazendo com os vencimentos próximos perdessem o patamar de US$ 1,55 por libra-peso.
O vencimento março/17 encerra a semana valendo 145,80 cents/lb, após os ganhos de 90 pontos na sessão. O contrato maio/17 ficou em 148,20 cents/lb, com valorização de 100 pontos, assim como julho/17 que fecha com referência de 150,35 cents/lb. Já setembro/17 anotou ganhos de 95 pontos, cotado a 152,30 cents/lb.
Com isso, as cotações em Nova York encerram a semana com desvalorização em cerca de 7% nos vencimentos mais próximos, impulsionado por movimentações técnicas. O analista da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, explica que os preços no mercado internacional tem refletido os cenários no mercado financeiro, além da redução da preocupação com o abastecimento na próxima temporada e também com a entrada da safra de países produtores.
No Brasil, o dólar avançou 0,12% na sessão e cotado com R$ 3,4726 na venda, depois de dia de volatilidade e atuação do Banco Central no mercado de câmbio. Informações da agência de notícias Reuters, apontam que na semana a moeda norte-americana acumulou alta de 1,73%.
O vice-presidente da Price Futures Group e analista, Jack Scoville, explica que os futuros passaram a refletir a tendência de redução déficit de café no mundo. "Nova York foi tomado pelas ideias de que a produção de arábica ao redor do mundo é forte", aponta em boletim. Ainda nesta semana, a corretora Marex Spectron divulgou em relatório que prevê superávit global de 300 mil sacas de 60 quilos na temporada 2016/17. "Nós incluímos a liberação de estoques pelo governo brasileiro no balanço, o que deixa um superávit mínimo", disse a Marex à Reuters.
Além disto, a OIC (Organização Internacional do Café) divulgou que houve recuo de 1,9% nas exportações globais de café em outubro, na comparação com o mesmo período de 2015. Foram exportadas 9,131 milhões de sacas de 60 quilos, sendo 6,109 milhões de café arábica e 3,023 milhões de robusta.
O analista do escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, explica que apesar dessa redução na preocupação com o abastecimento, a próxima safra de café deverá ser de baixa bienalidade, enquanto os estoques globais continuam limitados. Apesar disto, as informações no mercado financeiro têm pesado mais aos futuros. “Não importa que tenhamos enfrentado dois anos de seca severa sobre nossas regiões produtoras de café ao mesmo tempo em que batemos recordes de exportação em 2014 e 2015 para abastecer o crescente consumo mundial de café”, explica Carvalhaes em boletim.
Além disto, o desenvolvimento da safra de café 2017/2018 continua positivo, com chuvas sendo registradas no cinturão produtivo do Brasil. A Somar Meteorologia explica que um sistema de baixa pressão atmosférica deve passar no Brasil próximo final de semana, causando precipitações significativas no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. No início da próxima semana, chuvas também podem ocorrer no Cerrado Mineiro, Zona da Mata de Minas e Espírito Santo.
Mercado interno
No Brasil, o cenário de lentidão dos negócios e queda de preços no mercado internacional fez com que os preços cedessem também no mercado físico. Além disto, produtores seguem desinteressados em ofertar café, à espera de momentos mais favoráveis, visto que grande parte da safra já comercializada.
Segundo o analista da Origem Corretora, Anilton Machado, este cenário de retração nos negócios também já começa a refletir no valor da saca nas praças de comercialização. "Este período já é caracterizado por poucos negócios, muitos produtores deixam suas vendas para o início do ano em função do imposto de renda", explica em boletim.
Ainda nesta semana, o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) apontou que os preços no Brasil registraram mais uma semana de quedas, também influenciado pelo cenário nas bolsas internacionais. “A valorização do dólar frente ao Real e as estimativas de que o Brasil deve colher mais nessa temporada pressionaram os valores internos do arábica nos últimos dias. Nesse cenário, produtores e compradores estiveram fora do mercado”, apontam os pesquisadores do Centro em boletim.
O tipo cereja descascado anotou queda de 3,23% em Espírito Santo do Pinhal (SP) na semana, encerrando com referência de R$ 600,00 pela saca de 60 quilos. Em Varginha (MG), os preços cederam 1,69% e a saca fechou cotada a R$ 580,00.
No tipo 4/5 foi registrado queda de 3,51% em Varginha (MG), que fez com que a saca de 60 quilos fechasse a semana negociada a R$ 550,00. Em Poços de Caldas (MG) foi registrado a desvalorização de 2,94% e negócios a R$ 550,00 pela saca.
Para o tipo 6, o maior recuo registrado ocorreu em Franca (SP), em que saca de 60 quilos passou a ser cotada a R$ 550,00, após cair 5,17% na semana. Em Guaxupé (MG) a desvalorização foi de 4,55% , que levou a referência para R$ 525,00 por saca.
Na quinta-feira (01), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 526,27 com queda de 1,71%.