Café: Preços recuam mais de 4% na semana no mercado brasileiro e negociações caminham lentamente
A semana foi negativa aos preços do café no mercado interno brasileiro. Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em algumas praças, as perdas superaram 4%. Com isso, os produtores rurais ainda esperam melhores oportunidades de comercialização.
"Os negócios no mercado físico brasileiro diminuíram de ritmo com a queda em Nova Iorque e com o feriado nacional do dia de ação de graças ontem nos EUA, quando a ICE, principal termômetro dos preços, não trabalhou. O volume de negócios fechados foi menor em relação à semana anterior", informou o Escritório Carvalhaes em seu boletim semanal.
Os preços do cereja descascado recuaram ao longo da semana nas principais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas. Em Guaxupé, o recuo se aproximou de 5%, com a saca de 60 quilos cotada a R$ 580,00. Em Varginha (MG), a perda foi de 4,84%, com a saca a R$ 590,00. Apenas na região de Poços de Caldas (MG), a cotação esboçou uma ligeira reação e subiu 0,49%, com a saca a R$ 616,00.
Para o tipo 4, as cotações também cederam mais de 4% essa semana. Em Poços de Caldas (MG), o valor ficou em R$ 545,00 a saca de 60 quilos, frente a referência de R$ 569,00 a saca da semana anterior. Na localidade de Varginha (MG), o valor ficou em R$ 570,00 a saca, com desvalorização de 4,20%.
No tipo 6 duro, a semana também foi negativa. A praça de Varginha (MG), o preço caiu 4,24%, com a saca a R$ 565,00. Em Poços de Caldas (MG), a queda foi de 3,78%, com a saca a R$ 534,00. Já em Guaxupé (MG), a perda ficou em 3,68%, com a saca de café a R$ 550,00.
Paralelamente, a safra 2016/17 de café (julho/junho) chegou a 68% até o dia 23 de novembro, de acordo com levantamento realizado pela Safras & Mercado. O volume está acima do registrado no mesmo período do ano passado, quando cerca de 56% da safra 2015/16 já havia sido comercializada.
A perspectiva é que já tenham sido comercializadas 37,32 milhões de sacas de 60 quilos, de uma safra projetada em 54,9 milhões de sacas, ainda conforme estimativas da consultoria. De acordo com o analista da Safras & Mercado, Gil Barabach, "os produtores aproveitaram a alta nos preços em outubro para fecharem posições".
"A escassez de café conilon também forçou uma maior ofensiva por parte da indústria doméstica, o que ajudou a dar ritmo aos negócios e força aos preços", informou em nota a consultoria.
Bolsa de Nova York
No mercado internacional, os futuros do arábica voltaram a recuar nesta sexta-feira (25), no pregão pós feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos em que a Bolsa de Nova York não trabalhou. Os preços perderam mais de 200 pontos e registraram a terceira sessão negativa consecutiva, registrando suas mínimas em seis semanas. Na semana, entre os principais contratos, as perdas acumuladas ficaram entre 2,37% e 3%, com o dezembro/16 valendo 152,30 cents por libra-peso.
Segundo analistas internacionais, a alta do dólar frente ao real neste final de semana foi um dos fatores de pressão sobre as cotações. A moeda norte-americana encerrou os negócios subindo 0,58% na semana, fechando o dia a R$ 3,4135. Na máxima desta sexta, porém, a divisa foi a R$ 3,4694 diante do agravamento da crise política no Brasil.
Além disso, a movimentação da divisa no exterior também foi motivo de baixa para a commodity, uma vez que renovou suas máximas em mais de 13 anos e ainda conta com espaço para a manutenção desses níveis diante das incertezas trazidas pela vitória de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, deixando o mercado cada vez mais cauteloso, buscando ativos mais seguros.
Assim, traders internacionais ouvidos pela agência de notícias Reuters afirmaram que, "a ausência de notícias positivas deu espaço para os especuladores liquidarem suas posições mais longas". E o movimento, como explicam analistas e consultores de mercado, se intensifica nesse período de final de mês.
No quadro climático, informações da Somar Meteorologia apontavam que áreas produtoras de café no Paraná, Mogiana e Sul de Minas Gerais poderiam receber pancadas de chuvas no final do dia, devido as altas temperaturas. Já no Cerrado mineiro, Sul da Bahia e Espírito Santo pode registrar precipitações a qualquer hora do dia. E essas informações acabam complementando o quadro de pressão sobre os preços, ainda como explicam analistas.
Nesta semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) ainda divulgou sua estimativa para a safra brasileira 2016/17 em 55,95 milhões para 56,1 milhões de sacas, com um crescimento de 1% em relação à anterior. O departamento espera que a produção de arábica chegue a 45,6 milhões de sacas, aumento de 4% em relação à estimativa de maio, e a de conilon em 10,5 milhões, 13% menos do que o previsto em maio último.
Ao mesmo tempo, a estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em seu reporte de setembro projeta 49,64 milhões de sacas, sendo 41,29 milhões de sacas de arábica e 8,35 milhões de sacas de conilon.
"Já considerávamos alto o volume estimado pelo USDA em maio e o atual (13% acima da última estimativa da CONAB) também nos parece acima da realidade. Esses números comprovam como o quadro é apertado. O mercado prevê que o Brasil deverá exportar neste ano-safra 2016/2017 (julho de 2016 a junho de 2017) entre 33 e 34 milhões de sacas de café e consumir no mercado interno entre 20,5 e 21 milhões de sacas. Portanto, para atender nossos compromissos na exportação e no consumo interno precisaremos de 53, 5 milhões a 55 milhões de sacas de café", explicam os analistas do Escritório Carvalhaes.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:
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