Café: Bolsa de NY fecha semana com alta de 3% e vencimentos testam patamar mais alto em quase dois anos nesta 6ª
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) teve mais uma semana de boas altas acumuladas ainda repercutindo as incertezas dos envolvidos com um possível desequilíbrio entre oferta e demanda em 2017. O Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo, tem enfrentado problemas no abastecimento de robusta e usado o arábica como substitutivo. Com isso, os operadores temem que o país possa reduzir suas exportações. Principalmente por conta dessa questão, o vencimento dezembro/16, referência de mercado, que estava cotado a 165,50 cents/lb na semana passada fechou a sessão a 171,35 cents/lb. Uma alta de cerca de 3%.
Nesta sexta-feira (4), os lotes de arábica com vencimento mais distante já estão próximos do patamar de US$ 1,80/lb. O vencimento dezembro/16 registrou na sessão 171,35 cents/lb com 570 pontos de alta, o março/17 registrou 174,90 cents/lb também com avanço de 570 pontos. Já o contrato maio/17 anotou no pregão 177,00 cents/lb com 560 pontos positivos e o julho/17, mais distante, subiu 555 pontos, cotado a 178,85 cents/lb.
As cotações do arábica na ICE têm subido bastante nos últimos dias diante da preocupação de desabastecimento em 2017. Essa foi a terceira sessão seguida de alta nos preços externos da variedade na ICE. O Brasil, que é o maior exportador da commodity, deve ter produção menor no próximo ano por conta da bienalidade baixa e algumas localidades enfrentam problemas climáticos, além disso, o café arábica no país tem sido usado pelas torrefadoras como substitutivo da variedade robusta. Com isso, o mercado teme que os brasileiros reduzam suas exportações.
O vice-presidente da Price Futures Group e analista Jack Scoville confirma a cautela dos investidores em relação à oferta da próxima temporada. "Mais arábica está sendo mantido para o consumo interno agora, com menos disponibilidade para exportação e esta tendência deverá continuar. Muitos esperam a diminuição do ritmo de exportação do Brasil no curto prazo", explicou Scoville em relatório divulgado durante a semana.
De acordo com a agência de notícias Reuters, o avanço nas cotações do arábica ganhou força nesta sexta com o rompimento da linha de US$ 1,66/lb, o que desencadeou compras baseadas em fatores técnicos. Com isso, o mercado atingiu o patamar mais alto em quase dois anos. O vencimento dezembro/16 atingiu seu pico em US$ 1,72/lb. O nível mais alto desde janeiro de 2015.
O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) informou durante a semana que apesar da expectativa de menor produção na maioria das regiões cafeicultoras, devido à bienalidade negativa, a segunda floração verificada nos cafezais de arábica no início de outubro foi beneficiada pelas condições climáticas, de chuvas alternadas com sol. As informações são do CNC (Conselho Nacional do Café).
Já o desenvolvimento das floradas do conilon tem sido prejudicado pela seca no Espírito Santo, havendo expectativa de que as chuvas previstas para os próximos dias auxiliem no pegamento dessas flores. Em Rondônia, por sua vez, precipitações ocorreram desde o início de outubro favorecendo a fixação da florada.
O câmbio, que impacta diretamente nas exportações, também contribuiu para a alta nos preços do arábica nos últimos dias. O dólar mais baixo em relação ao real tende a dar maior competitividade às exportações da commodity brasileira. Nesta sexta-feira, o dólar comercial fechou o dia com queda de 0,15%, cotado a R$ 3,2311 na venda, em movimento de realização de lucros após ter ficado em alta durante boa parte do dia. Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 1,08% sobre o real.
Dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) divulgados nesta tarde confirmam a redução das exportações do Brasil em setembro em relação ao mesmo período de 2015. Com isso, os embarques de café verde atingiram 2,68 milhões de sacas, ante 2,91 milhões no ano passado.
O mercado do arábica completou nesta sexta-feira a terceira valorização consecutivo e indicadores técnicos já apontam que correções podem ser vistas nos próximos dias. Gráficos do Banco Société Générale mostram que o mercado está sobrecomprado e pode passar por acomodação. Os lotes com vencimento para dezembro/16 têm resistência em 166,90 cents/lb e 168,35 cents/lb, 169,80 cents/lb e 170,80 cents/lb. Os suportes estão em 162,80 cents/lb, seguido de 161,10 cents/lb, 159,60 cents/lb e 158,35 cents/lb.
Mercado interno
Apesar das altas internas, que favoreceram valorizações nas praças de comercialização do Brasil até R$ 50,00 a saca no acumulado da semana, os negócios seguem isolados, principalmente com os cafeicultores mais capitalizados, que podem aguardar patamares ainda mais altos. Segundo o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado, o grande destaque no mercado interno são as bebidas de qualidade mais inferior, que têm registrado grande valorização para substituição do robusta, que está em falta após os problemas enfrentados na safra. O analista ainda aponta que a diferença entre os tipos de cafés de maior e menor qualidade estão estreitas.
O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Poços de Caldas (MG) com R$ 644,00 a saca e alta de 6,98%. Foi a maior variação no dia dentre as praças.
Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Poços de Caldas (MG) com alta de R$ 57,00 (9,71%), saindo de R$ 587,00 para R$ 644,00 a saca.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 658,00 a saca e alta de 2,65%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com avanço de 4,27% e saca a R$ 586,00.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Guaxupé (MG), que tinha saca cotada a R$ 565,00, mas subiu R$ 93,00 (16,46%) e agora vale R$ 658,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Araguari(MG) com R$ 600,00 a saca e alta de 7,14. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 duro foi registrada em Poços de Caldas (MG). A saca estava cotada a R$ 520,00 na sexta-feira passada, mas teve valorização de R$ 54,00 (10,38%) e agora está em R$ 574,00.
Na quinta-feira (3), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 547,52 com alta de 1,60%.
Bolsa de Londres
A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, para o café robusta também fechou a sessão desta sexta-feira em alta. O contrato novembro/16 anotou US$ 2245,00 por tonelada com avanço de US$ 22, o janeiro/17 teve US$ 2188,00 por tonelada também com valorização de US$ 122 e o março/17 anotou US$ 2195,00 por tonelada com US$ 23 positivos.
Na quinta-feira (3), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 540,06 com avanço de 0,60%.