Café: Bolsa de Nova York realiza ajustes nesta 4ª após cinco altas seguidas, mas mantém patamar de US$ 1,60/lb
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) realizaram ajustes técnicos nesta quarta-feira (19) e fecharam a sessão com queda próxima de 100 pontos após avançarem por cinco pregões consecutivos. Apesar da queda, os principais vencimentos continuam ao redor do patamar de US$ 1,60 por libra-peso, conquistado nos últimos dias com os envolvidos de mercado receosos com a possibilidade da próxima temporada ter problemas de abastecimento.
O vencimento dezembro/16 encerrou a sessão cotado a 157,85 cents/lb com 90 pontos de queda, o março/17 registrou 161,35 cents/lb com recuo de 85 pontos. Já o contrato maio/17 anotou no pregão de hoje 163,50 cents/lb com 70 pontos negativos e o julho/17, mais distante, recuou 75 pontos, cotado a 165,35 cents/lb.
Essa correção nos preços externos do arábica já era esperada pelo mercado um vez que os preços vem de uma expressiva escalada de valorização. No meio do dia, as cotações da variedade até chegaram a perder mais de 100 pontos, mas fecharam com queda menor que isso, mostrando que os fundamentos altistas ainda repercutem entre os operadores. "A queda do dia se deu em função de ajustes e correção técnica não representando nenhuma novidade para o mercado", afirma o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado.
Segundo informações de agências internacionais, com base no relato de traders, uma realização de lucros no mercado já era esperada nos últimos dias, depois que as cotações externas do café arábica conquistaram o território de US$ 1,60/lb no vencimento dezembro/16, referência de mercado. Na sessão de hoje, os lotes com entrega para o último mês deste ano fecharam em 157,85 cents/lb.
Apesar da queda corretiva no terminal externo, os operadores seguem bastante atentos ao clima no cinturão produtivo do Brasil, que é o maior produtor e exportador da commodity no mundo. "Preocupações recentes sobre chuvas irregulares, que atrapalham o período de floração no Brasil, elevaram os preços arábica nas últimas cinco sessões", informa a agência de notícias Reuters.
Durante o 42º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, em Serra Negra (SP), o presidente da Fundação Procafé, José Edgard Pinto Paiva revelou as projeções baixistas da entidade para a próxima safra do país. "Na média, teríamos no próximo ano uma produção de 39 milhões de sacas entre arábica e robusta, isso representa uma queda de 20% em relação a 2016. Esses números não são finais, porque ainda são necessários levantamentos de campo, mas refletem a realidade do mercado", explica.
Para Paiva, essa queda expressiva na produção do grão brasileiro está relacionada às questões climáticas – que afetaram as plantações do país neste ano –, a bienalidade baixa e a idade das plantações do país. "Nosso parque cafeeiro precisa ser renovado", ressalta o presidente da Fundação Procafé.
Mapas climáticos apontam previsão de pancadas de chuvas em algumas áreas produtoras após dias quentes e secos em boa parte do cinturão. Um bloqueio atmosférico e instabilidades tropicais devem contribuir para acumulados razoáveis no Paraná, São Paulo, sul de Minas Gerais e Cerrado. O calor também deve diminuir nos próximos dias.
"Mais chuvas são necessárias, especialmente por conta da fase de floração", disse ontem (18) Shweta Upadhyay, analista da Global Coffee Monitor, ao site internacional Agrimoney. "Há enormes preocupações com o abastecimento no Brasil para 2017", pondera a analista.
Mercado interno
Os negócios seguem isolados nas praças de comercialização do Brasil. Os produtores vendem só o necessário e esperam melhores patamares diante perspectiva de situação mercadológica complicado em 2017. "Sem estoques de safras anteriores e preocupados com o estado dos cafezais, exauridos com a colheita de ciclo alto após dois anos de secas fortes e atípicas, os cafeicultores vendem o suficiente para cumprir seus compromissos de curto prazo", reportou o Escritório Carvalhaes em seu informativo mais recente.
Com a escassez de café robusta no mercado brasileiro, as torrefadoras têm utilizado tipos de menor qualidade da variedade arábica na composição de seus blends. Isso tem contribuído para alguns negócios com a variedade. O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP), registrou o Indicador do robusta CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, (a retirar no Espírito Santo) em R$ 507,09 a saca de 60 kg, o maior valor real da série histórica do centro, iniciada em novembro de 2001 (preços atualizados pelo IGP-DI de setembro/16).
Na terça-feira, a diferença entre os valores das variedades foi de apenas R$ 8,07 a saca, com o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechando a R$ 515,16 a saca.
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O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 580,00 a saca e queda de 3,33%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com baixa de 3,45% e saca a R$ 560,00.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 537,00 a saca e recuo de 0,92%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças no dia.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação nas cidades de Araguari (MG) e Franca (SP) com R$ 545,00 a saca, alta de 2,83% na primeira e 0,93% na segunda. A maior oscilação no dia ocorreu em Araguari (MG).
Na terça-feira (18), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 515,16 com valorização de 0,92%.
Bolsa de Londres
A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, para o café robusta também realizou ajustes nesta quarta-feira. O contrato novembro/16 anotou US$ 2104,00 por tonelada com queda de US$ 21, o janeiro/17 teve US$ 2129,00 por tonelada com recuo de US$ 24 e o março/17 anotou US$ 2130,00 por tonelada com US$ 22 negativos.
Na terça-feira (18), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 507,09 com avanço de 1,60%.