Café: Bolsa de Nova York dá sequência aos ganhos da véspera nesta 3ª com apreensão sobre safra do Brasil
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) trabalham com alta próxima de 100 pontos nesta tarde de terça-feira (18) e estendem os ganhos registrados nas últimas sessões. Os operadores no terminal externo seguem repercutindo as condições climáticas adversas no cinturão produtivo do Brasil, que podem mexer com o abastecimento no próximo ano. Na semana passada, os preços externos do grão tiveram valorização acumulada de cerca de 5% e reconquistaram o patamar de US$ 1,60 por libra-peso.
Pelo horário de Brasília, às 12h33, o vencimento dezembro/16 estava cotado a 158,80 cents/lb com 170 de pontos, o março/17 registrava 162,20 cents/lb com avanço de 165 pontos. Já o contrato maio/17 estava sendo negociado a 164,15 cents/lb com 160 pontos positivos e o julho/17, mais distante, também avançava 160 pontos, cotado a 166,10 cents/lb. Ontem (17), os preços externos do robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, testaram máximas de dois anos e fecharam em cerca de US$ 2100,00 por tonelada.
O cinturão produtivo do Brasil tem recebido chuvas isoladas nos últimos dias, que até contribuíram para a abertura da florada da safra comercial 2017/18 do Brasil em diversas regiões. No entanto, o clima deixa a desejar justamente neste momento importante do ciclo produtivo e os envolvidos de mercado estão bastante preocupados com o abastecimento no próximo ano, que já promete ser de bienalidade baixa para a maioria das origens produtoras brasileiras.
"Mais chuvas são necessárias, especialmente por conta da fase de floração", disse Shweta Upadhyay, analista da Global Coffee Monitor, em referência à formação das flores que formarão frutos para colheita em 2017. "Há enormes preocupações com o abastecimento no Brasil para 2017", pondera a analista.
"Chuvas no fim de semana trouxeram pequena melhora na umidade no solo de áreas de café do Sul e chuvas moderadas para os próximos dias não devem melhorar significativamente as condições das lavouras brasileiras", disseram meteorologistas da MDA Information Services à agência de notícias Reuters. "O clima seco retorna em áreas do Norte do país durante os próximos 10 dias e a umidade do solo a diminuirá novamente, prejudicando a floração do café".
A Bloomberg confirma a condição climática para o Brasil nos próximos dias. Segundo a agência, a previsão do tempo aponta baixas possibilidades de chuvas nas áreas produtoras do Brasil nos próximos sete dias. Apenas partes do Paraná e Oeste de São Paulo devem ter maior umidade no período.
O câmbio também dá suporte ao mercado nesta terça-feira, pois impacta diretamente nas exportações da commodity pelo Brasil. Às 11h49, o dólar comercial caía 0,6%, vendido a R$ 3,1882, em meio a busca por risco no exterior.
Enquanto isso, no Brasil, seguem isolados os negócios com café apesar das valorizações externas. "Sem estoques de safras anteriores e preocupados com o estado dos cafezais, exauridos com a colheita de ciclo alto após dois anos de secas fortes e atípicas, os cafeicultores vendem o suficiente para cumprir seus compromissos de curto prazo", reportou o Escritório Carvalhaes em seu informativo mais recente.