Café: Após atingir máximas de 19 meses, Bolsa de Nova York fecha em baixa nesta 5ª feira acompanhando o câmbio
Após subirem cerca de 400 pontos pela manhã e atingiram máximas de 19 meses, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) acabaram fechando esta quinta-feira (22) com queda de cerca de 100 pontos em ajustes técnicos após os preços externos da variedade subirem forte no início da semana. Apesar da baixa, o mercado segue atento às incertezas em relação ao potencial produtivo do Brasil na safra 2017/18 e ao câmbio, que impacta diretamente nas exportações.
O contrato setembro/16 encerrou a sessão de hoje cotado a 155,50 cents/lb com 400 pontos de alta, o dezembro/16 teve 155,25 cents/lb com 130 pontos de recuo. Já o contrato março/17 registrou 158,50 cents/lb com 125 pontos de baixa e o maio/17, mais distante, anotou 160,30 cents/lb e 120 pontos negativos. Pela manhã, os preços externos do grão testaram o patamar de US$ 1,65 por libra-peso.
De acordo com o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, o comportamento das cotações do café durante esta quinta-feira foi baseado no câmbio. "Enquanto o dólar no Brasil cedia em alinhamento ao bom humor externo, as bolsas subiam. À tarde, recompras no câmbio foram vistas e a Bolsa de Nova York devolveu todos os ganhos", explica.
Para o analista, o mercado externo também já demonstra ter precificado o quadro fundamental nas principais origens produtoras. "Apenas fatores cambiais têm tido força para mudar o perfil e o viés do mercado", afirma Magalhães. Os futuros do arábica em Nova York testarem durante o dia o patamar mais alto desde fevereiro de 2015.
"Essa reviravolta marca um padrão técnico potencialmente de baixa para o mercado após as cotações avançarem acima da alta da sessão anterior e, em seguida, fecharem mais baixas, uma vez que quebrou a sequência de três dias com preços mais elevados", reportou a agência internacional de notícias Reuters.
Durante a maior parte do dia o dólar comercial deu sequência as perdas da véspera após a decisão do Fed (Federal Reserve), banco central dos Estados Unidos, de manter a taxa de juros do país. No entanto, a moeda norte-americana acabou fechando a R$ 3,2258 na venda com alta de 0,45%. O câmbio tende a influenciar diretamente nas exportações do grão e, consequentemente, impacta nos preços externos do café.
Apesar da acomodação do mercado nesta quinta-feira, agências internacionais reportam que os operadores externos seguem atentos a oferta global do grão diante de problemas que já começam a aparecer na safra 2017/18, que deve ser bienalidade baixa para a maioria das regiões produtoras do Brasil. "Em visitas pelas principais regiões produtoras já se percebe que a safra do próximo ano será entre 15% e 20% menor no arábica e no robusta por conta do clima. Isso se as condições se normalizarem. Do contrário, as perdas podem ser ainda maiores", o superintendente de comercialização da Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé), Lúcio Dias.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou ontem (21) que a produção do Brasil na safra 2016/17 deve ser de 49,64 milhões de sacas de 60 kg. O resultado representa um acréscimo de 14,8%, se comparado à produção de 43,24 milhões de sacas obtidas em 2015. O café arábica representa 83,2% da produção total do país e estima-se que sejam colhidas 41,29 milhões de sacas nesta safra.
Mercado interno
Os negócios com café seguem lentos no mercado físico brasileiro mesmo com os preços em alta nas principais praças de comercialização do país. O produtor ciente da realidade mercadológica espera melhores patamares para negociar mais ativamente suas produções. "O setor produtivo continua administrando bem a entrada do café no mercado e assim, consegue tirar a liquidez e manter os preços firme e sob pressão", afirma Marcos Magalhães.
O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 600,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Guaxupé (MG) com queda de 1,69% e saca a R$ 580,00.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 595,00 a saca e queda de 1,65%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Varginha (MG) com R$ 535,00 a saca e alta de 0,94%. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em no Vitória (ES) (BCSP) com alta de R$ 480,00 a saca e alta de 2,13%.
Na quarta-feira (21), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 509,65 e queda de 0,89%.