Société Générale estima queda nos preços do café após futuros atingirem máximas de 18 meses

Publicado em 12/09/2016 15:19

O banco Société Générale advertiu sobre uma retração nos preços do café, depois que os futuros do arábica atingiram uma alta de 18 meses, ainda assim, o banco continua apontando potenciais ganhos nos mercados do algodão e açúcar.

Apesar de o banco elevar acentuadamente suas previsões nos preços médios para os futuros do café arábica no trimestre, negociados em Nova York, as estimativas permanecem bem abaixo do que os investidores esperam.

De outubro a dezembro, por exemplo, o banco prevê os futuros do café arábica com média de 132 centavos de dólar por libra-peso, bem abaixo dos 154,65 centavos de dólar por libra-peso que o contrato dezembro/16 foi negociado na quinta-feira.

O contrato tocou 155,70 centavos de dólar por libra-peso no início do dia, o valor mais alto para um vencimento próximo e o mais valorizado desde fevereiro do ano passado, com os preços apoiados pela força no mercado de café robusta em Londres depois que o IBGE apontou uma queda na produção do Brasil para este ano.

No entanto, o SocGen disse que a alta notável nos estoques de café dos países importadores irá prejudicar os preços, compensando um aumento potencial e levando em conta as previsões para a safra 2017/18, que também deve apresentar uma queda.

'Alta suficiente para derrubar os preços'

"Embora os níveis de estoques nos países produtores estejam próximos das mínimas históricas, os níveis de estoques nos países consumidores estão altos o suficiente para suprimir os preços diante das perspectivas de produção aquém das expectativas", disse o analista do SocGen, Rajesh Singla.

Ele sinaliza que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estima uma tensão na oferta levando em conta a relação entre estoque e consumo e, portanto, os compradores serão forçados a pagar mais para ter o produto.

Na União Europeia, que responde por 30% do consumo arábica no mundo, a relação estoque e consumo vai cair de 2,1 pontos ao ano para 22,9%, enquanto que, nos EUA, responsáveis ​​por 16% do uso global do grão, a proporção cairá 1,5 pontos para 24,4%.

"Nós ainda preferimos manter abaixo da curva devido aos altos estoques", disse Singla.

Debate sobre estoques

Os comentários coincidem com os do Rabobank da semana passada, que também são pessimistas em relação ao futuro do café arábica, vendo os preços médios em cerca de 138 centavos de dólar por libra-peso nos últimos três meses de 2016.

O Rabobank disse na semana passada que os estoques de café "visíveis" – definidos como os da Europa, Japão e EUA, além de estoques não-agrícolas do Vietnã – "estão em níveis recordes".

No entanto, muitos outros investidores estão vendo os estoques baixos em países produtores justificando isso com preços mais fortes, além de baixos níveis de estoques mantidos para a entrega não futura.

Os estoques de café arábica nos armazéns monitorados pela ICE caíram na quarta-feira para o menor patamar em cinco anos, totalizando 1,27 milhões de sacas.

'Cautelosamente otimistas'

No açúcar, o Société Générale prevê que os futuros em Nova York se segurem mais de 21 centavos de dólar por libra-peso, em média, para os próximos três meses, à frente dos preços que foram negociados na quinta-feira.

O lote outubro/16, mais negociado, foi precificado em 20,06 centavos de dólar por libra-peso nos negócios pela manhã.

O banco denomina-se "cautelosamente otimista" sobre os preços sinalizando a perspectiva de um déficit na produção mundial de açúcar em 2016/17, apesar de cerca de 39 milhões de toneladas de produção no Brasil, o maior país produtor.

Além disso, "o real pode continuar apoiando os preços devido à rendimentos de títulos atraentes no país", com uma moeda brasileira mais forte aumentando seu valor, em dólares, ativo que é um jogador chave para o país sul-americano.

"Ataques de pragas"

Para o algodão, negociado em Nova York, o SocGen prevê a negociação de futuros em cerca de 71 centavos de dólar por libra-peso em 2017, um pouco à frente dos preços atuais.

O banco sinalizou uma redução para as perspectivas de produção na Índia por conta da falta de chuvas em Gujarat, e "ataques de pragas", em Punjab e Haryana.

"À medida que o tempo manteve-se hostil para o plantio na Índia, e pode impactar a cultura nos Estados Unidos, esperamos que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos possa fazer um downgrade nas estimativas globais de produção nos próximos meses."

Tradução: Jhonatas Simião

Fonte: Agrimoney

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