Café: Bolsa de Nova York estende ganhos das últimas sessões nesta 2ª atenta à safra do Brasil e com suporte do câmbio
Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) operam com alta próxima de 200 pontos nesta tarde de segunda-feira (29) e estendem os ganhos de quase 3% registrados na semana passada. O mercado avança ainda repercutindo as incertezas em relação à safra 2017/18 do Brasil, impactada pelo clima adverso nos últimos dias. Além disso, o câmbio também dá suporte aos preços externos da variedade.
Por volta das 12h33, o contrato setembro/16 registrava 143,90 cents/lb – estável, o dezembro/16 tinha 146,80 cents/lb com 195 pontos de avanço. Já o vencimento março/17 estava cotado a 149,90 cents/lb e o maio/17 anotava 151,80 cents/lb, ambos registravam 190 pontos de valorização.
Nos últimos dias, as chuvas chegaram ao cinturão produtivo do Brasil e favoreceram a abertura de floradas em algumas localidades. No entanto, segundo mapas climáticos, essas precipitações podem diminuir nos próximos dias e os cafeicultores temem que possa ocorrer o abortamento das flores. Com isso, a safra 2017/18 perderia seu potencial produtivo que já promete ser menor devido a bienalidade baixa na maioria das regiões.
"Por ora os agentes compartilham a percepção de que o arábica inevitavelmente produzirá menos depois de um ano grande de produção. Preocupante e de característica explosiva para os preços dos terminais são as condições do conilon, que vem de um ano muito baixo de produção com árvores que sentiram demais a seca e precisam de chuva no Norte do Espírito Santo para não repetir o aperto vivido no atual ciclo", reportou em seu informativo semanal o diretor de commodities do Banco Société Générale, Rodrigo Costa.
A semana promete ser de chuva forte em áreas do Paraná e Oeste de São Paulo, com acumulados entre 20 e 50 milímetros. No entanto, em Minas Gerais, principal estado produtor do grão, no Espírito Santo e na Bahia, as chuvas devem ser fracas e esparsas. Na segunda metade da semana, as temperaturas devem cair em todo o cinturão produtivo.
Essas condições não devem impactar tanto a colheita da safra 2016/17, que está próxima do fim, mas sim a próxima temporada. Segundo estimativa da Safras & Mercado, divulgada na quinta-feira (25), a colheita brasileira estava em 91% até dia 23 de agosto. Com a previsão de produção de 54,9 milhões de sacas de 60 kg no Brasil da consultoria nesta temporada, é apontado que já foram colhidas 50,06 milhões de sacas. Os trabalhos evoluíram 5% em relação à semana anterior.
Além das questões que envolvem a próxima safra, o mercado também tem suporte do câmbio. Às 12h40, o dólar comercial caía 0,76%, cotado a R$ 3,247 na venda repercutindo o julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e o discurso da presidente do Fed (Federal Reserve), Banco central dos Estados Unidos, endossar as expectativas sobre os juros no país. O dólar mais baixo em relação ao real tende a desencorajar as exportações da commodity.
No Brasil, seguem lentos os negócios com café. Os produtores cientes da atual condição mercadológica e seus reflexos a longo prazo, esperam por melhores patamares. "O mercado interno do café deverá ter dia lento", explica o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães. Na sexta-feira (26), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 482,49 com alta de 0,29%.