Café: Diferença entre robusta e arábica pode estreitar ainda mais, estima Rabobank
A diferença nos preços do café arábica e robusta deve estreitar ainda mais, afirma o Rabobank, que ainda elevou suas estimativas de déficit na produção mundial do grão, estendo para a terceira baixa ao longo de três temporadas, totalizando 8 milhões de sacas.
O banco elevou em 300 mil sacas, para 2,5 milhões, o déficit na produção de café mundial da safra 2016/17, e em 200 mil, para 1 milhão de sacas sua estimativa de déficit na temporada 2015/16.
A revisão reflete, em parte, a melhora nas expectativas de consumo, após dados do período de abril a junho mostrarem um desaparecimento "impressionante" do grão em muitos países consumidores.
"A Europa e os EUA tiveram o maior desaparecimento trimestral já registrado" conforme cálculo do Rabobank. Os japoneses também tiveram um consumo "muito alto".
'Ajuste de demanda atrasado'
No entanto, o banco também destacou uma baixa na oferta de robusta devido a uma colheita "desastrosa" da variedade no Brasil com a seca no estado do Espirito Santo, maior produtor da variedade no Brasil.
Enquanto esse revés reduziu acentuadamente a diferença entre os preços do grão robusta e arábica, que teve excedente na produção em 2016/17, o banco observou que a "arbitragem internacional manteve-se acima de 50 centavos de dólar por libra-peso na maioria do ano".
Esse número é abaixo dos níveis esperados, dada a pressão sobre a oferta de café robusta no Brasil, mas também as preocupações com um inverno frio no país sul-americano que 'na verdade, trouxe pouco ou nenhum dano' para o arábica.
No entanto, agora um "ajuste atrasado na demanda" é provável que ocorra, disse o Rabobank, acrescentando que a diferença de preço entre os dois grãos "está suscetível à diminuição", embora esteja num contexto potencial de enfraquecimento nos valores do arábica.
'Arbitragem alargada'
A previsão segue o comentário da OIC (Organização Internacional do Café) que também estima ascensão nos preços do arábica e spread no robusta, com uma média de 66,07 centavos de dólar por libra-peso no mês passado, a maior em mais de um ano.
"A arbitragem entre arábica e robusta está alargada pelo segundo mês consecutivo, apesar das perspectivas de abastecimento", disse a OIC.
A organização observou que "um segundo susto de geada no Brasil e uma ligeira recuperação do real", uma moeda que é uma influência particularmente importante sobre os preços arábica, dado que o país sul-americano é de longe o maior produtor da variedade.
No robusta, o Brasil ocupa um distante segundo lugar perdendo para o Vietnã na produção.
Um aumento no valor do real em relação ao dólar, é um grande jogador nos ativos do país sul-americano.
Tradução: Jhonatas Simião